O ás de paus português – The portuguese dragon Ace of Staves

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19th century Portuguese pattern card re-printed from original woodblocks, published by Vito Arienti, Edizioni del Solleone, 1978.

O baralho português teve uma caraterística especial que o diferenciava de todos os outros: cada ás tinha o desenho de um dragão, com respetiva pinta na boca: uma espada, um pau, uma taça e uma moeda. Esse “baralho do dragão” zarpou para o oriente e para o Brasil, nos bolsos dos marinheiros das armadas de Vasco da Gama e de Pedro Álvares Cabral e, no século XVI, era manufaturado no Japão, onde ainda nos nossos dias se joga com os seus “sucessores”.

EN: The portuguese playing cards had a special characteristic, that differed from all others, each ace had a dragon with the pip, and in the portuguese cards, the staff or “pau” as used instead of the clovers() and it is still called today as “paus”, even after the french playing cards overturned the old ones.


“As Cartas de Jogar e os expostos da Misericórdia de Lisboa” -Fernanda Frasão

More info:
http://www.wopc.co.uk/portugal/portuguese-pattern

http://www.wopc.co.uk/portugal/index

Zé Povinho

“António Maria” – Rafael Bordalo Pinheiro 1879

“Zé Povinho- Eu lá vou com este cacete, leva-os o diabo a todos….“

O Zé Povinho, por vezes também segura o varapau contra aqueles que o oprimem.

A pena como varapau

Um dos reflexos da tradição do combate a varapau no nosso país é a de que muitas vezes na literatura ou em artigos de jornal ou revista se faz referência à tradição o jogo do pau como metáfora a conflitos, violentos, mas de natureza verbal.

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Essas primeiras horas da República em Lisboa, recordam-nas os bons republicanos, ainda hoje, com um vago deslumbramento de quem folheia uma epopeia de amor, de abnegação e heroísmo. Na antecâmara do ministério da Guerra, conversavam e abraçavam-se, sorrindo homens graduados da república que andam por aí, ao cabo de dez meses, na feira do parlamento e do jornalismo, jogando uns aos outros as mais tremendas e certeiras bordoadas de varapau ferrado. Porque começaram logo os descontentamentos? Será verdade que uma Revolução, para ser esplendidamente fecunda e harmoniosa, precisa de ser bem regada com sangue e não pode, por desgraça, nascer, como a nossa, entre sorrisos de idílio, de perdão e de paz, para vencidos e vencedores?
-“Vida Política” Câmara Reys, fasc. 1º, 12/08/1911


Sarmento abandona os seus livros e, bom vimaranense, maneja a pena a favor da sua terra como se brandisse, temerosamente, o varapau minhoto.
Revista de Guimarães, Volume 37


Das rudezas de linguagem de Sampaio são muitos os episódios, no Paço e fora dele. Sendo, porém, costume dizer-se ter Alves Martins usado um marmeleiro como argumento convincente, melhor poderá afirmar-se ter Sampaio empregado idêntica arma combativa.
-“Livres das féras” Augusto Forjaz, 1915

Festas da Nazaré – de cabeça aberta.

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Festas da Nazaré – A entrada dos círios
“Cifra-se em dois elementos a síntese de todos os círios: uma grande turba de anjinhos e uma grande cópia de cacetes ferrados.
Bom é quando os primeiros nos deixam ver o céu aberto sem que os últimos nos deixem a cabeça também aberta.“
“O António Maria” N.º 277 [18 Setembro 1884]

EN: An illustration and note on a Humoristic journal from 1884, quick translation:
“There are two elements in this religious procession: a great crowd of Angels, and the copious amount of walking staffs with ferrules.
It is a good thing, when the Angels allows us to see the open sky, without the staffs leaving us with an open head.”

Link: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/OAntonioMaria/1884/1884_item1/P266.html

Joggey the what now?

tumblr_lsm43cOC731qz60p7o1_1280 This is when the Sirens make themselves known, dressed as the Muses they already defeated. Aesop glares at Ridder, calling him a traitor, and the somewhat surprised Riddler proclaims he had nothing to do with it. Catwoman backs him up on this, leading to a squabble among the allies about using Riddle as bait, he somewhat understandably feeling betrayed. Aesop takes the distraction to turn loose his little zoo to attack them. Selina naturally charms the lions into submission, but then gets knocked cold by Aesop, who suddenly is recalled as a master of Jogo Do Pau, a very obscure stick fighting form from Portugal. He uses his cane to fend off Harley, while Ivy uses her vines to snare most of the animals as Riddler tends to Catwoman, waking her up to calm the lion that escaped the plants. Aesop beats Harley, and then charges out the door right into a large contingent of Gotham City Police Department, and then gets arrested.

Já na villa se fallava do «bando do Lobo», que infestava a deshoras as ruas de Guimarães, e alvoroçava os pacíficos habitantes com a cantoria de glosas chocarreiras.

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Em contraposição a este bando organizou-se outro, capitaneado por um cutileiro de appellido Raposo.

Os bandos que promoviam arruidos foram durante séculos um «sport» predilecto da mocidade portugueza, a despeito das «Ordenações», que encarregavam ao corregedor da comarca a missão de averiguar se das «competências ou bandos se seguiam pelejas, revoltas, mortes ou outros males e damnos».

Mas a tolerância dos costumes e a própria organização do serviço dos quadrilheiros, que eram tirados d’entre os cidadãos, e não estavam para arriscar a pelle, nem perder as noites, faziam que continuasse impunemente a tradição dos bandos a despeito das «Ordenações.»

A lei, em Portugal, tem sido sempre lettra morta.

Houve por vezes conflicto entre os dois bandos, que a ronda dos quadrilheiros seria impotente, ainda quando o tentasse, para conter em respeito. Ficavam rachadas algumas cabeças, porque os varapaus de lódão, principal arma do minhoto, ensarilhavam alto com o fim de inutilizar a victima, procurando-Ihe o craneo.

O bando do Raposo era talvez mais esforçado que o do Lobo, mas não provava tanta petulância, nem tanta disciplina.

E a razão estava em que, no primeiro bando, todos se julgavam tão valentes como o chefe, ao passo que o Lobo, entre a sua gente, dispunha de superioridade que lhe provinha do talento poético, da odyssea amorosa pelo Porto e Lisboa, das suas fortunas e desastres com a aventureira de Cantão, e até da pobreza em que se encontrava, como todos os bohemios celebres.

Não era a vara de lódão a única arma contundente que o bando do Lobo sabia manejar. O seu chefe, improvisador temível, língua solta e maligna, possuía outra arma talvez mais perigosa para os adversários: era o verso, que chega ao interior dos conventos, dos palácios, das tabernas e alcouces, muito mais elástico, portanto, do que um varapau qualquer.

“O lobo da Mandragôa” Alberto Pimentel, 1904

O jogo do pau na história do Soajo aos quadradinhos; in english!
(“The Judge of Soajo”, texto e desenhos de José Ruy, Editorial Notícias)

Disponível à data em:
http://www.fnac.pt/O-Juiz-de-Soajo-Jose-Ruy/a807684

“A história, os costumes e as tradições da vila de Soajo, em Arcos de Valdevez, são preservados pela mão de José Ruy, o autor português de banda desenhada com mais álbuns publicados. A propósito da comemoração dos 500 anos do Foral de Soajo, a Âncora Editora reedita uma obra de valor inestimável pelo registo do rico património cultural, paisagístico e patrimonial desta aldeia singular, outrora sede do concelho.”