“L’âme secrète du Portugal”
L’Originel, 01/10/1998
Apontamentos sobre o jogo do pau português. -Traditional Portuguese staff fencing art.
Videos, Imagens, etc…
“L’âme secrète du Portugal”
L’Originel, 01/10/1998
Pontuada – Thrust attack
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Jogo do Norte
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Alguns momentos da competição de bastão de 2013 divididos por técnicas base utilizadas: Ataques directos e por antecipação, duplas e seguidas, cortes, defesa e contra ataque. A várias partes do corpo, cabeça, mãos pernas etc, com alguns efeitos de câmara lenta.
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Sarilhos:
Sarilho
1- de baixo;
2- da borda d’ água de cima;
3- da borda d’ água de baixo.
4- Redondo por cima;
5- Rasteiro;
6- Volteado à esquerda;
Jogo do Pau nas escolas – Mestres Nuno Russo e Nuno Mota.
Nuno Russo – Luis Preto
Luís Preto, aluno do mestre Nuno Russo
Domingos Miguel nasceu em Silves em 18 de Fevereiro de 1884. Muito novo veio a residir com seus pais para Almada. Aqui se fez homem e desportista e aqui viria a ser sepultado. Foi um filho adoptivo de que Almada e seu conselho muito se orgulham, um homem extraordinário sob todos os aspectos da sua longa vida. O seu nome, para os vindouros, poderá ficar como uma lenda, mas foi na realidade um facto.
Era filho de um operário corticeiro e seguiu a profissão de seu pai. Cedo aprendeu a defender os direitos dos seus irmãos e camaradas, consumindo a vida inteira na luta pela democracia e pela liberdade do homem. Lutou com estoicismo. Foi temido e respeitado. Durante meio século foi símbolo de honra e valentia. Foi dirigente da Federação Corticeira e tesoureiro do Sindicato até 28 de Maio de 1926…
Tivemos o enorme prazer em contactar muitas vezes com Domingos Miguel e temos sempre presente a sua figura de homem simples, irradiante. Gostava imenso do convívio com os mais jovens, trocando impressões sobre os mais variados assuntos, transmitindo conselhos e opiniões sensatas. Era um prazer escutar Domingos Miguel.
Domingos Miguel foi um dos mais vigorosos desportistas portugueses de todos os tempos. Dedicou-se sobremaneira ao popular jogo-de-pau, apelido da esgrima portuguesa, onde atingiu craveira de exepcional relevo. Cremos que se tivesse enveredado por outra qualquer modalidade teria triunfado da mesma forma.
Em rapaz começou a praticar natação. Fazia ginástica e tomou o gosto de fazer saltos mortais como vira numa «troupe» de árabes. Mais tarde foi assíduo praticante de cultura física, utilizando o «Meu Sistema» do dinamasquês V. Muller. Aos 19 anos começava a receber lições de jogo-de-pau pelo mestre Domingos Salreu, na Estrela, em Lisboa. Descolava-se na companhia de Domingos Varejão, já há muito tempo discípulo de Salreu e que pouco depois passaria a ensinar Domingos Miguel, no Alfeite de na Margueira. Também foi seu mestre José Dias, o «95».
Consultando jornais e revistas da época vamos encontrar numerosas referências que lhe são feitas. Os grandes jogadores, mestres e professores, como coronel Ressano Garcia, dr. João Moura Pinheiro, Tobias de Freitas, Artur dos Santos, Frederico Hopffer, José Gonçalves Dias – o «95», Domingos Salreu, Domingos alves, António Caçador, e tantos outros, são unânimes em afirmar a enorme classe de Domingos Miguel.
A revista «Stadium» insere em 1953, uma entrevista da qual respingamos estes apontamentos. Pergunta-lhe o jornalista: – Qual foi o seu mais terrível assalto? – «Foi – respondeu o mestre – com Domingos Alves, numa festa de beneficência. Contava então 25 anos, Nessa época possuia grande fôlego, compreende, era a idade a manifestar-se!… Travámos uma batalha colossal, de rapidez fulminante e de pancadas rijas e certeiras, que fizeram erguer a assistência fortemente emocionada. Domingos Alves foi o mais terrível adversário que tenho encontrado! Que batalha! Parece-me que ainda ouço o estalar dos paus! Jogámos mais de 15 minutos uma luta que eu recordo com saudade. Por fim a assistência pôs termo ao combate. Como esse dia é recordado por mim!»
– Falemos, Domingos Miguel, daquele jogo em Almeirim com o António Caçador – pede o entrevistador.
«Sim, joguei outro assalto, que me deixou gratas recordações. Jogámos na praça de touros e ao jogo assistiu a gente mais importante da terra. Nós estávamos em boa forma. Não pode calcular o que foi o assalto. Qualquer coisa de formidável. Jogámos em rapidez e a ovação da assistência foi enorme. Nunca na nossa vida ouvimos uma salva de palmas tão estrondosa.»
Em 20 de Fevereiro de 1971, o «Jornal de Almada» publicava uma curiosa e valiosa entrevista feita por Romeu Correia, por altura do 87º aniversário de Domingos Miguel, então internado no Lar-Granja Luis Rodrigues, em Costas de Cão.Dessa entrevista colhemos algumas passagens.
Romeu Correia perguntou: – Quando começou a leccionar no Ateneu Comercial de Lisboa?
– «Fui mestre no Ateneu, de 1926 a 1963, portanto 37 anos!…» Mas também ensinei no Lisboa Ginásio cerca de 20 anos. Boa gente! Que grandes colectividades! Do Ateneu guarde as mais gratas recordações. Uma autêntica família! Colaborei em 22 saraus no Coliseu dos Recreios e também no Eden Teatro, Palácio dos Desportos, em três circos e ainda em centenas de outros lugares!…»
-Quantos discípulos teve ao longo da sua carreia?
-Não posso calcular… mas certamente umas boas centenas. Entre outros recordo: João Mendes, João Lavrador, António Moleiro, António Nunes Pereira, Inocêncio Procópio, António Novo, Inácio Roberto Guedes, Anónio Nunes Caçador, Joaquim Madeira, Aurélio da Cunha, Domingos Rebelo, Elias Gamero, o Gabriel, que também está aqui internado.
– Além do jogo-de-pau e de saltos acrobáticos… sei que foi um exímio nadador. Conte-nos uma façanha sua nessa tão salutar modalidade desportiva.
– «Por volta de 1925 ou 1927 ganhei uma travessia do Tejo a nado. Tinha quarenta e tal anos. À partida éramos umas boas dezenas de nadadores. Atirámo-nos ao rio na doca de Alcântara e viemos a nadar até Cacilhas… Ganhei o primeiro lugar para o Ginásio Clube do Sul.
-Atribui a sua espantosa saúde e lucidez à prática desportiva?
– «Pois decerto! Porque se não fizesse nada… estava mas era há uma quantidade de anos debaixo dos torrões.»
Perguntando-lhe Romeu Correia se concordava com o amadorismo ou profissionalismo, respondeu:
– «Sou pelo amadorismo. O desporto não é profissão.»
Domingos Miguel, foi, pois, durante toda a sua vida uma das figuras mais populares de todo o nosso conselho. Na modalidade que escolheu foi praticante exímio. Percorreu muitas aldeias, vilas e cidades do país, deixando sempre onde actuava bem vincada a sua personalidade e arte de manejar a vara de lódão. De reflexos rapidíssimos e agilidade felina, era «impossível» tocar-lhe e quando atacava era simplesmente «terrível». Sua destreza, força e excepcional técnica colocavam inteiramente qualquer adversário à sua disposição. Meste Domingos Miguel fazia-os render à sua incontestável supremacia, sem os molestar. Contudo, as jogadas eram por vezes arrepiantes. Desferia pauladas com uma velocidade incrível que os amantes e conhecedores da modalidade sabiam não produzir danos… Mas os menos preparados, que assistiam aos assaltos, intimamente sofriam e «rezavam para que Domingos Miguel não rachasse o adversário de alto a baixo»…
Como professor deixou bem vincada a sua competência e categoria, ensinando largas centenas de alunos. A sua actividade no Ateneu durante 37 anos e no Lisboa Ginásio durante 20 anos cremos ser um caso ímpar no País de qualquer modalidade desportiva. O facto não só atesta as suas extraordinárias faculdades como professor, como também a receptividade que possuía para tratar com pessoas de temperamentos e ideias totalmente opostas, e isto sem abdicar nunca dos seus métodos e ideias. Não faltava uma sessão de treino e era incapaz de levantar a voz, fosse a quem fosse.
Nos saraus do Coliseu dos Recreios, lá estava sempre com alguns alunos a mostrar à assistência a sua arte inconfundível de manejar o pau.
Aos 70 anos sentia-se feliz. Era um autêntico jovem no regresso a casa, sempre acompanhado da sua amantíssima e inseparável esposa. Muitas vezes nos encontrámos no barco e tinha sempre uns momentos para conversar sobre desporto. Reparava na íntima satisfação pelo dever comprido, que invadia a alma daquele homem bom, enorme desportista, de longevidade desportiva invejável que, ultrapassada essa meta dos setenta anos, saltava, sem lhe tocar, um vulgar balcão de estabelecimento e dava saltos mortais para a frente e para trás com facilidade impressionante. Poucos anos antes, acompanhava o seu sobrinho Baltasar Rocha, campeão almadense de ciclismo, em muitos dos seus treinos e não gostava nada de deixar fugir o Baltasar… ainda que a sua máquina não fosse especial!…
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Camões a varrer a feira! (minuto 4:00)
«Camões» estreia a 23 de Setembro de 1946 no cinema S. Luiz. Argumento: A tempestuosa existência errante de Luís Vaz de Camões, desde os tempos irreverentes com estudante em Coimbra, aos amores contrariados, como guerreiro da “má fortuna”, até ao declínio inglório, acompanhando a decadência do fausto renascentista e da pátria imperial.
“Duas palavras sobre o jogo do pau” Frederico Hopffer, 1924
“Duas palavras sobre o jogo do pau” – Frederico Hopffer, 1924