Mercado da Corujeira

FEIRA DO GADO NA CORUJEIRA - AURÉLIO PAZ DOS REIS
Feira de Gado da Corujeira

—0 sr. governador civil prohibiu o desafio do jogo do pau no mercado da Corujeira.
“Diario Ilustrado” – Domingo, 29 de Maio de 1892

EN: Mercado da Corujeira

Occasional news: “The Civil Governor prohibited the jogo do pau challenge in the Corujeira Market” – Sunday, 29 of May, 1892

note: Photo is a frame from the “Corujeira cattle Market” filmed by Aurélio Paz dos Reis in 1896. The Film maker made a jogo do pau video in the same year, that is unfortunately probably lost.

 

A la descouverte du baton Portugais

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Une technique de lutte au bâton jusqu’à présent totallement inconnue en France, vient de se faire connaître à travers plusieurs démonstrations faites au clube de Henry Plee, Judo International et au gymnase de la cité universitaire.

Cette nouvelle technique, qui est extrêmement efficace à tous degrés d’apprentissage, a été jusqu’ici gardée secrète par les maîtres portugais. Elles serait peut-être originaire de l’Orient. C’est un art qui diffère complètement du bojitsu japonais et de toutes les autres techniques traditionnelles de lutte au bâton. On le pratique avec des bâtons de plusieurs tailles, dont le plus grand mesure 1.50m.

Mestres Pedro Ferreira e Nuno Russo na foto.

“KARATE” nº11 1975

Jogo da cruz italiano.

Deixo aqui mais uma nota a revelar a ancestralidade do que chamamos de Jogo do Norte que ainda hoje é praticado por todo o pais, nas cidades e em várias aldeias. Desta vez do século XVII, em Itália, com o Montante, ou Spadone no original, uma espada que era aproximadamente do comprimento de um varapau.

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COMO SE DEVE NUM LUGAR ESPAÇOSO fazer as três cruzes do Montante – Cap. IX

As presentes lições são todas provenientes de ocasiões verdadeiras em que por questões, na sua maioria surgidas a sangue quente, somos levados ao modo de a ter de fazer as três cruzes, para usá-las em situações em que se seja atacado por várias pessoas nas praças ou ruas espaçosas, e para se fazer isto se requer muito juízo, embora acompanhado de resolução e habilidade, como mostrado na Figura anterior.

A primeira cruz divide-se em dois “golpes oblíquos da direita para a esquerda”, que são acompanhados com o pé direito girando o corpo e o montante em rotação, e cada um dos golpes fará o seu próprio movimento, tendo o pé esquerdo firmemente no chão, e o outro, que caminha duas vezes com o “golpe obliquo”, e em seguida firma-se o pé direito e começa-se com o pé esquerdo juntamente com dois “cortes da esquerda para a direita”, e findo os dois golpes recomeça-se como antes, com o pé direito, e passa-se para o flanco direito, executando-se os mesmos dois “cortes da direita para a esquerda”, e findo se firma o pé direito, e o esquerdo para o lado esquerdo, e far-se-ão os dois “cortes da esquerda para a direita” e em seguida se retorna ao lugar onde se começou.

A segunda cruz far-se-á com “três golpes oblíquos da direita para a esquerda”, e com três “cortes da esquerda para a direita”, os “golpes da direita para a esquerda” sendo acompanhados com o pé direito, e os “cortes da esquerda para a direita” com o pé esquerdo, girando-se três vezes o corpo, e com o Montante, mas mantendo-se a sobredita ordem.

A terceira cruz far-se-á com quatro “golpes oblíquos”, e também com “cortes da esquerda para a direita”, com quatro repetições de cada lado, uma para diante, outra para trás, e de igual forma para o lado direito e esquerdo, observando-se a regra que havíamos demonstrado com o já referido discurso.

“Lo Spadone (O Montante)” de Francesco F. Alfieri – 1653 Tradução de Filipe Martins

– Nota: Por uma questão de facilidade, adaptei um pouco o texto, substitui também os termos italianos, pela descrição fornecida no mesmo documento pelo tradutor, no glossário. Creio que assim fique mais legível para quem só joga ao pau e não está dentro dos termos originais. Para um estudo mais aprofundado aconselho o texto original acima ligado.

“A Esgrima Nacional” -Zacharias d’Aça

Artigo de Zacharias d’Aça em “O Tiro Civil” ao longo de vários Números.

“Se o pau, nas mãos de um jogador forte e destro, é uma arma terrível no ataque e de grande resistência na defesa, encarado pelo lado artístico o seu jogo é duma rara elegância”

Mestre António Nunes Caçador

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Artigo do jornal «Novidades»
por Sebastião Duarte da Mota Cerveira.

Dos mestres do jogo do pau que actualmente têm escola em Lisboa é de toda a justiça colocarmos num lugar de destaque António Nunes Caçador, antigo professor do Grupo Desportivo da Companhia dos Tabacos e, presentemente ajudante do mestre Domingos Miguel, no Ateneu Comercial de Lisboa.

Caçador principiou a jogar o pau em 1922 no Ateneu Comercial e o seu primeiro mestre foi Jorge de Sousa que, nos grandes tempos da esgrima lusitana, tinha sido discípulo do abalizado mestre Frederico Hopffer.

Depois de ter trabalhado durante alguns anos com aquele professor, fez-se discípulo de Domingos Miguel, jogador de combate, um dos maiores de todos os tempos, uma autêntica maravilha na arte de manejar uma vara de lodão!

António Nunes Caçador, elemento de primeira ordem no jogo do pau, exímio em «cortes» e maravilhoso em «passagens» é hoje sem dúvida, um dos mais completos jogadores de Lisboa, inúmeras vezes, em lutas emocionantes que deram brado pelo ardor com que foram disputadas, tem provado que não conhece o medo e que a sua vara está sempre pronta a cruzar se com a de qualquer adversário por muito que seja superior a sua classe!

Ultimamente, no Ateneu, quando este clube foi visitado por uns jogadores da província que aí se exibiram sustentou uma dura batalha com o mestre dos aludidos jogadores batendo-se com toda a galhardia marcando nítida superioridade sobre o seu antagonista e elevando ao máximo a escola de Lisboa que ele, nessa luta emocionante representava!

E o jogo que travou com o aludido mestre da província foi coisa que ainda não se tinha visto no Ateneu e, pela violência com que foi disputado, fiz lembrar os grandes jogos dos tempos em que a esgrima do pau era cultivada nos quintais de Lisboa!

Grande tem sido a propaganda que António Nunes Caçador tem feito da esgrima do pau: já jogou inúmeras vezes no Coliseu dos Recreios em Lisboa, em Santarém, em Alhandra, Caldas da Rainha, Montijo, Almada, Moita, Leiria, Coruche, Barquinha, e em muitas outras localidades e também no Pavilhão dos Desportos.

Nunes Caçador é autor de um interessante e útil tratado sobre esgrima do pau e que foi publicado em 1943 livro escrito em linguagem clara e simples e ao alcance de todas as inteligências, é de grande utilidade para os amadores do viril desporto! Nada falta nessa obra, e o autor mostra claramente o conhecimento que possui do assunto pois trata, magistralmente em todas as suas minúcias a esgrima lusitana.

António Nunes Caçador que está, presentemente na força da vida, é pois, um grande jogador e um mestre da mais sólida competência e as suas exibições sempre aplaudidas, fazem recordar os velhos tempos da esgrima portuguesa, os tempos dos jogos nos quintais de Lisboa, ocultos pelas trevas dos anos, mas sempre lembrados com saudade pelos amadores do viril desporto que é o jogo do pau, cultivado com toda a mestria na linda terra portuguesa.

em “Jogo do pau (Esgrima Nacional)” António Nunes Caçador, 1963.

en: Master António Nunes Caçador

Article from newspaper “Novidades” by Sebastião Duarte da Mota Cerveira. (around the 50s?)

Of all the masters currently in the Lisbon school, it is fair to highlight António Nunes Caçador, old professor of “Grupo Desportiva da Companhia dos Tabacos” and presently, as assistant master to Domingos Miguel, in “Ateneu Comercial de Lisboa”.

Caçador started staff fencing in 1922, at “Ateneu Comercial de Lisboa” and his first master was Jorge de Sousa, that in the high time of the lusitanian fencing (late 19th and early 20th century in Lisbon), had been a disciple of master Frederico Hopffer.

After some years of training with master Jorge de Sousa, he became a student of Domingos Miguel, a more combat oriented fencer, and one of the greatest of his time, a true wonder in the art of maneuvering a lote staff!

António Nunes Caçador, element of the first order in jogo do pau, was expert in «cortes» (evasion counter attacks) and «passages» and is today without a doubt, one of the most compleat fencers in Lisbon. For inumerous times had exciting fights that were hailed by the audience for the fervor with wich they were disputed. He prooved to be fearless and his staff is always ready to cross with any opponents, no matter how great is their level!

Lately, in Ateneu, when this club was visited by some fencers from the province, he had a great battle with the master of the mentioned fencers, fighting gallantly, and marking clear superiority over his antagonist, he elevated the name of his school, that he represented in that thrilling fight.

It was a fight like it is rarelly seen in Ateneu, due to the level of violence at wich it was disputed, remembering the best times of staff fencing in Lisbon.

Great has been the propagand that António Nunes Caçador has made of the art of staff fencing, he fenced many times in “Coliseu dos Recreios”, in Lisbon, Santarém, Alhandra, Caldas da Rainha, Montijo, Almada, Moita, Leiria, Coruche, Barquinha and many other places, and also in “Pavilhão dos Desportos”.

Nunes Caçador, is an author of an interesting staff fencing manual, that was published in 1943, book written in clear and simple language, at a reach of everyone, and of great utility for all lovers of this manly sport! Nothing is lacking in this work, and the author clearly shows his knoledge of the subject and all the minutiae of the lusitanian fencing.

António Nunes Caçador is now in the hight of his life, he is a great fencer and a master of great competence, his exhibitions are always hailed, and make us remember the old times of the Portuguese fencing, occluded in the shades of time, but always remembered by the lovers of this manly sport that is staff fencing, nurtured with great mastery in the beautiful Portuguese lands.

Serafim Curado Borges da Gama

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Serafim Curado da Gama, o seu grande sonho foi fundar a primeira farmácia da terra (na altura chamava-se botica), num tempo em que ocorriam dezenas de mortes por ano, devido à total ausência de cuidados médicos (era o apogeu do então fatídico jogo do pau). A farmácia nasceu em 1898, quando os medicamentos eram misturas feitas em almofarizes de pedra. Até à pouco tempo, manteve o seu nome. Diz-se que Serafim Curado da Gama salvou dezenas de vidas.

http://geneall.net/pt/forum/532/familias-de-alvaiazere-e-pussos/#a222875
https://www.geni.com/people/Serafim-Curado-Borges-da-Gama/6000000002805589093

EN: Serafim Curado da Gama had the dream of opening the first pharmacy in his village, because of the large number of deaths due to the lack of any medical care in the region, in a time that the fatidical jogo do pau was very common. He opens the pharmacy in 1989, and is said to have saved many lifes.

Romarias em tempo de guerra.

romariasScroll down for English translation: Wartime Festivals

Verificou-se que a concorrência este ano ás romarias do Senhor da Serra e da Senhora da Atalaia, as duas festas populares mais animadas dos arredores de Lisboa, foi muito inferior á dos últimos anos. Influencia da guerra? Decerto, pelo menos como factor principal. Aos políticos que se queixavam -estranha queixa! – de que não sentíamos a guerra, de que parecia que não tínhamos a consc1enc1a de tomar parte directa no conflito, responde-se agora com este afastamento das poucas diversões que eram concebidas ao povo português. Ele sente, enfim, a guerra.

Em todo o caso a romaria, mesmo despida da poesia de que os sentimentalistas a revestem, tinha grandeza; para ela se desafiavam os rapazes que haviam tido desavenças pelo ano adiante e ai é que as contas se saldavam, à paulada. Moços fortes partiam cabeças rijamente, em duelo franco, por sua dama, que premiava o vencedor com o melhor sorriso, antecedendo prenda de mais valia.

Sabemos de uma aldeia da nossa terra onde as raparigas não casam com quem não tenha tido pelo menos uma rixa, deixando o adversário bem amassado. E então os rapazes de ali andam sempre ansiosos pela romaria, onde as costelas se amassam… Vão-se estas tradições de brutalidade, mas que não deixaram de ter a sua nobreza.

“ilustração Portuguesa” Nº602 – 3 de Setembro de 1917

Wartime festivals

There was a small afflux at the two most popular festivals near Lisbon, Senhor da Serra and Nossa Senhora da Atalaia had much less people that in the last years, influence of the war? For sure, as a main factor. For the politicians that complained – and what a weird complain – that we didn’t feel the war, and didn’t have conscience that we were taking part of the conflict, the answer is now this absence from the very few occasions the Portuguese people have for themselves to enjoy. The people finally feel the war.

Even so, the festival had a grandness in itself, in it the boys challenged each other solving the rivalries accumulated along the year, and the the problems were settled, with staff fights. Young and strong boys breaking each other’s heads fiercely, in a franc duel, because of a lady, that would reward the winner with her best smile, anticipating a most valuable gift.

We know of a village where the girls don’t marry a man that had not made it into at least a brawl, leaving his opponent smashed. So the boys of the region are always anxious for the festivals, where ribs get broken… This brutalities are going away now, but they still have their nobility.
in “ilustração Portuguesa” Nº602 – 3 de Setembro de 1917

Varapau Ferrado

Varapau Ferrado – Waking staff with ferrule
http://www.matriznet.dgpc.pt

Varapau de madeira exótica de cor castanha avermelhada. A extremidade inferior é menos espessa que a superior, alargando até chegar a esta última. A extremidade superior apresenta um revestimento em latão de cor dourada. A parte inferior do mesmo revestimento apresenta faixas ponteadas, dispostas na horizontal, espaçadas entre si. A extremidade superior é de formato de um prisma octogonal. Sobre este, ao centro, um espigão de ferro de contornos arredondados. Forma um pequeno ressalto a meio da sua altura. O topo é lobular.
Origem / Historial:
Foi efectuado um estudo, incidente na colecção de traje popular português do Museu Nacional de Etnologia. O estudo abrangeu as províncias do Douro Litoral, Beira Alta, Beira Litoral, Beira Baixa e Ribatejo, num total de 177 objectos. Deste número, Ernesto Veiga de Oliveira recolheu 87, entre 1961 e 1972. 37 pertencem à província da Beira Litoral.