Quando tornei a aparecer na Nazaré estava tudo em festa. A enorme ladeira que conduz à vila achava-se já cortada de mendigos estropiados, que concorrem ali de todos os pontos do país fiados na afluência de devotos.Chegavam, a cada instante, carros de todos os feitios, carregados de gente; cavaleiros, peões, celebridades do momento chamados jogadores de pau, as romeiras com os seus chapéus enfeitados de rosas, jasmins, e dálias, a mulher que na praça dos toiros havia de farpear metida numa dorna, os que iam a galope para já lá se acharem quando chegasse o cyrio da Prata Grande, ou o da Ericeira, as banhistas da praia em observação critica aos que passavam, a multidão buliçosa d’aquelas curiosas festas, — trinta mil criaturas que durante o ano esperam por esta função, e que, em chegando o tempo dela, largam tudo e correm para a Nazaré.
– “A vida alegre (apontamentos de um folhetinista)” Pg.156, Julio Cesar Machado (1880)