(…) Nesse jogo «a matar» não havia que observar regras, todos os meios e golpes se usavam, e a maestria constituía somente uma garantia maior de vencer.
Mas existia uma espécie de código tácito de honra, que os bons jogadores seguros de si – e de um modo geral as pessoas bem formadas – não deixavam de cumprir e que exprimia o próprio valor do jogo.
Não se atacava o inimigo que não levasse pau: Quintas Neves mostra o «Manilha» atirando o seu pau para o chão depois de com ele ter desarmado e desmoralizado totalmente três adversários que lhe haviam saltado ao caminho.
E ouvirmos a história de um grande jogador do Porto, o Carvalho, feirante de gado, que na «feira dos 26» em Angeja, perto de Aveiro, depois de se ter aguentado sozinho contra todos os que ali se encontravam coligados, tropeçou e caiu ao chão; então o mais forte dos seus adversários saltou para cima dele em sua defesa, intimando os demais a não tocarem no valente, sob pena de terem de se haver com ele.
Festividades ciclicas em Portugal – 1984 – Hernesto Veiga de Oliveira