(…)José Dias (por alcunha o 95), antigo contra-mestre do mestre Salreu, como preito de gratidão á sua memoria, devo dizer, que soube ser um grande mestre e jogador, foi um homem d’um caracter ultra honrado, generoso, ativo trabalhador, e tão desinteressado para com os seus discípulos, que nunca deixou de bem os ensinar, mesmo quando não tinham dinheiro para lhe satisfazer a ridicula paga costumada, e era principalmente tão cheio de boa vontade no ensino, que punha tudo em pratos limpos, não lhes ocultando a mais insignificante parte do jogo
Tal era o excesso do seu desejo de ensinar, que por vezes, mais tarde quando já eu era também mestre, lhe notava que estava ensinando coisas para as quais o discipulo não tinha ainda preparação, ele me respondia: Ensine voçe os seus como entender, porque os meus teem pouco dinheiro para gastar, mas olhe que os meus são tão bem conhecidos em toda a parte, que quem chegar para eles, tem de saber o que faz.
Pois este meu mestre e amigo, a quem tanto e tanto devo do pouco que sei do jogo, foi um dos discipulos preditetos do grande mestre Domingos Salreu, que também me deu (conforme os bilhetes de lições atestam) nada menos de meia grosa de lições(…)
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“Duas palavras sobre o jogo do pau” – Frederico Hopffer 1924
foto: “Jogo do Pau – Esgrima Nacional” – António Nunes Caçador 1963