O “Espreitador” na feira.

José Daniel Rodrigues da Costa, O “Espreitador”, deixa-nos aqui algumas das suas notas sobre a violência em feiras, a faca e varapau, no ano de 1818.

espreitador
É nesta mesma Feira, que hum homem tira a vida a um seu semelhante, porque lhe pisou hum pé com o cavalo em que ia.

É nesta mesma Feira, que fervem os cajados, e as cajadadas, por certos ciúmes, que tiveram três saloios , das suas Marias do Monte : e elas em ais, e suspiros metidas na briga. Ah bom Juiz da Ventena, que hás-de vir a ser senhor do grosso cordão de ouro, que uma delas traz ao pescoço, só por não ver o seu António entre os ferros d’ElRei.

É nesta mesma Feira , que hum grande rancho de tafues se mete em uma taberna, e mandam vir quanta carne de porco o taberneiro tem, saladas, e azeitonas, conservas, e vinhos novos mal cozidos, castanhas, e aguas pés de lavar pipas, e tudo se mete no bucho à força de muitas risadas; de sorte que ficam aquelas alminhas sem pena, nem gloria, despedindo de vez em quando insonsas graças à taberneira, e insulsos ditos picantes com seus atrevimentos vinhaticos. Desconfia o dono da casa: este leva com o copo na cara, daquela gente bem nascida, e mal criada. Impunha-se a faca, crescem os gritos. Um, que não é para ver sangue, porque não só desmaia a qualquer sangria, mas até sai para fora, quando tem matança de porco em casa, puxa da bolsa, e paga o gasto; custa dez mil reis a função Voltam todos para casa amparados uns pelos outros; e no outro dia hum é ungido, e o outro mal sentenciado pelo seu Medico. Que tanto pode toda aquela burundanga! Porém isto nasce de todos terem a morte por vizinha, e ninguém julgar, que mora na sua rua; que se assim não fosse, acautelar-se-ião mais as vidas dos perigos das boas feições.

“O espreitador do mundo novo : obra critica, moral, e divertida” – José Daniel Rodrigues da Costa, 1818

COUSAS D’ALDEIA

Rosa era uma muchacha de 19 anos, de estatura mediana, cara roliça e vermelha, olhos vivos, cabelo castanho, e um sestro namorador tão inveterado que as borboletas campesinas iam abrasar-se às dúzias naquela luz pérfida e oscilante. Quando eu a conheci andavam-lhe na cola dois mocetões bizarros: um filho do Damásio e o Luís da Santa. Como párrafo explicativo devia encabeçar neste ponto a genealogia dos meus heróis ; fabrique-a porém o leitor a seu modo, que me poupa a trabalhos sem detrimento do assunto.

Aconteceu um dia que a Rosa vinha da missa com o filho do Damásio; dizia-se por então que era ele o preferido. A romaria caminhava no mais amorável comprazimento. O céu estava azul, o ar sereno e embalsamado, as aves palreiras como nunca, e as flores namoravam-se de valado
para valado.

É fora de duvida que para aqueles dois corações o mundo exterior era de urna influencia incalculável; e eu sou dos que crêem, corno Victor Cousin, que o mundo exterior é que decide, em regra, do destino dos homens.

La terra, molle, lieta e dilettosa,
Simili a se gli abitator produce.

Imagine-se que ao saírem da azinhaga para a estrada que conduzia ao povoado, os dois deram de chapa com o Luís da Santa. Rosa enfiou, o filho do Damásio apertou com mais força o varapau ferrado ; enquanto que o outro se contentava em sorrir, mas com um riso torcido e amarelo que
era para dar calafrios.

Alguns dos rapazolas que por ali estavam fizeram monte a espera da trabuzana; felizmente as duas nuvens passaram sem descarga de fagulha, nem bateladas de pedrisco. Rosa continuava a caminhar, mas o braço tremia-lhe aconchegado ao braço predilecto. Nem mais urna palavra soltaram ; ao despedirem-se deram as mãos, olharam-se, cada um deles sentiu a vista anuviar-se-lhe de agua, e a voz do amante foi a única a balbuciar:

— Adeus, Rosa; até logo.

Ela pôs os olhos no chão, e foi-se a cismar para casa.

No sitio havia urna adega, cujo nome de guerra provinha do locatário. Chamavam-lhe a adega do Feliciano. Era lá que se congregavam os sarrabais contemporâneos, e que em melo das abluções e dos chistes ressoavam os descantes dos mais afamados improvisadores. A adega simbolizava o
outeiro dos bons tempos freiraticos. Um mote que se atirasse era colhido no ar por urna dezena de vates, a gritaria gemia, as vozes esganiçavam-se, a rima acudia pronta, os curiosos acotovelavam-se, os copos de vinho ferviam, berreiro entusiástico da matula coroava aquela cena, digna de um primoroso Renato.

No domingo em que sucedeu o encontro, a adega do Feliciano extravasava saloiada. Eram oito horas da noite. Uma causa extraordinária movia e impacientava aquela gente; a ansiedade debuxava-se em todos os rostos ; um ruído indecifrável e cavo repercutia-se ao longo do casarão enegrecido.

Mal que a guitarra do Villafranca soltou os primeiros arpejos, o sussurro foi-se desvanecendo a manso e manso, os ecos adormeceram por entre o vigamento, as respirações sofrearam-se, e o silencio da expectativa dominou os mais encabruados tagarelas.

O da guitarra estava a um canto da adega, os saloios em circulo, e no centro, fronteiros um ao outro, apareciam os vultos ameaçadores do Luís da Santa e do filho do Damásio. Era uma luta que se preparava.

Não sei se na historia dos trovadores há facto semelhante: dois amantes que se inspiram de amor e de zelos, e que pelejam arremessando cantigas.

Luís da Santa começou:

-O mar pediu a Deus peixes
Para dar aos pescadores,
Eu peço a Deus que me tire
Saudades dos meus amores.

Saudades sei que não matam,
Mas ralam a vida inteira;
Olha o sol que te não creste,
Rosa que estás na roseira.

A folha mais verde, verde,
Pôde também desbotar,
Quanto mais se a folha verde
Não quiser à sombra estar.

A cana do caniçado
Quebra se alguém lhe põe pé,
Eu também quebro cantando
Certo olhar de quem me vê.

O Luís da Santa calou-se. O auditório estava pendendo daqueles versos, entoados com urna voz sonora e vibrante, versos que a tristeza repassava, apesar da aparência fria do cantador.

A guitarra prosseguia nos seus harpejos. Todos os olhos se cravaram no filho do Damásio, e ele, firmando a mão esquerda sobre o balcão da adega, prorompeu deste modo:

– Eu hei de amar, hei de amar,
Hei de amar bem sei a quem;
Eu hei de amar ao meu gesto,
Nanja ao gosto de ninguém.

Ninguém me põe pé e quebra,
Antes que seja a cantar,
Nem há sol que a minha rosa
Possa as folhas desbotar.

Que te importa a ti que eu siga
Uma paixão que me arrasta?
Cada qual segue seu rumo;
Para mim é quanto basta.

Morde, morde, minha cobra,
No verde pé dessa flor;
Quem seu mau peito descobre
É de si mesmo traidor.

Ás ultimas palavras do filho do Damásio houve um murmúrio de aprovação que ciciou em todos os lábios. Luís da Santa quis retorquir, entoou urna quadra, vacilou no último verso, insistiu, mas a inspiração ia-se-lhe arrefecendo.

Só no fim, apoiando-se a um grosso cajado de marmeleiro, pôde sair-se com estes versos, que eram o derradeiro esforço de uma imaginação agonisante:

O rouxinol quando bebé
Canta logo de prazer,
Sabe Deus naquelas águas
Quantos mais não vão beber !

O insulto era frisante, e a poesia tornava-se ineficaz para rebate-o. Os circumstantes recuaram supondo inevitável conflito, enquanto o Vilafranca rogava a custo os dedos pela guitarra, corno quem tinha pouca vontade de os acompanhar nessa toada.

O filho do Damásio não cedia, contudo, às primeiras. Acima da luta brutal pairava a gloria poética. Queria pagar afronta com afronta. Verdade é que antes de encetar a cantiga deu ao corpo urna postura arrogante, mas o verso manava-lhe fácil e sereno, como se uma trovoada de cacetes não escurecesse já o horizonte. Encarou o Luís da Santa, correu o olhar pelo auditório, sorriu-se com a consciência da superioridade, e levantou a voz com desempache:

Vai-te lá, não me enfarrusques,
Disse a caldeira á certan ;
O rouxinol nunca bebe
No charco onde vive a rã.

Quanto mais a folha brinca,
Mais pode ao chão vir parar ;
Muita gente canta, canta,
Com vontade de chorar.

Ainda não fenecera o ultimo verso, e já o tumulto lavrava na adega e cá fora. Cada lapuz tomava bando pela causa. A lógica inflexível dos varapaus trazia em cada arroxada um silogismo perfeito. A proporção que as costelas se abolavam, que o reboliço crescia, que as pragas redemoinhavam, por outro lado vinha a razão alvorecendo e alumiando, para depois se assentar no seu trono orvalhado de sangue, que é onde a filosofia costuma quasi sempre assenta-la!

No outro dia, de toda aquela baralha desenfreada resurtiu o seguinte : Luís da Santa tinha a cabeça esmechada, Damásio três dentes de menos, o Vilafranca a guitarra partida, e quatro ou cinco labruscos acusavam-se de dores pelo corpo, as quais não eram certamente de reumatismo. Não pára aqui o romance; o melhor capitulo podia ter por epigrafe os dois conhecidos versos de Francisco I. Rosa, volteou corno uma grimpa, o que era sinal de vento novo. Quando o filho do Damásio foi procura-la achou-a tão festival e indiferente que o rapaz ficou banzado de todo.

Desiludido nas suas crenças de amante, de que dera testemunho com dois dentes molares e um canino, o filho do Damásio partiu, e foi-se por a cismar para o alto dos moinhos. Lembrou-lhe o descambar dali a baixo, o deixar-se colher por urna vela, enfim, o fazer milhões de disparates, quando viu passar pela azinhaga o seu rival Luís da Santa.

O coração deu-lhe um salto, mas destes saltos reais, em que se quebram cangas e apeiros. Sentiu-se livre. Desceu do monte a passo cheio, dirigiu-se ao Luís, agarrou-o, aferrolhou-o ao peito, esteve assim um momento, e ao cabo, pondo as duas robustas mãos sobre os ombros do interlocutor, exclamou com a inflexão de quem se salva:

— Ó Luís, olha que nós somos amigos. Aquilo foi o demo que nos tentou… e por ma pega. Bem mo dizias tu ontem :

O rouxinol quando bebe
Canta logo de prazer:
Sabe Deus naquelas aguas
Quantos mais não vão beber.

— Está dito, rapaz, acudiu o Luís com gesto prazenteiro; saudades não comem gente, e o que lá vai, lá vai. Temos de festejar as pazes na adega do Feliciano.

— E que venha toda a malta, e o Vilafranca que traga instrumento novo. Queremos cantar ao desafio.

— Como ontem? perguntou o da Santa, com um risinho melancólico.

— Não, Luís, que as mulheres não valem três dentes da boca.

Nessa noite houve festança na adega. Feliciano andava numa dobadoira. Copo cheio, copo vazio, torneira fechada, torneira aberta; agora do tonel, logo da pipa, mais tarde do odre, tudo se provava, tudo se aplaudia, e tudo se abismava naquele sorvedouro sem fundo As unhas do Vilafranca saltitavam no cordame, e os improvisos ressoavam contínuos. Rosa desprendera-se do amante, como é costume de todas as rosas desprenderem-se do tronco.

Um dia o humilde narrador desta verídica historia encontrou-a enchendo o cântaro na fonte. Tinham passado dois meses do ocorrido.

— Então, flor, temos ao certo amores novos?

— Que se lhe há de fazer? Esta agua que corre não é só para encher a minha bilha!

Quando me disse isto pôs o cântaro à cabeça, e com um donaire adoravel foi-se, cantarolando, ao longo da azinhaga.

“Contos da sesta – Coisas d’aldeia”, Eduardo Augusto Vidal – 1870

O ás de paus português – The portuguese dragon Ace of Staves

dragao
19th century Portuguese pattern card re-printed from original woodblocks, published by Vito Arienti, Edizioni del Solleone, 1978.

O baralho português teve uma caraterística especial que o diferenciava de todos os outros: cada ás tinha o desenho de um dragão, com respetiva pinta na boca: uma espada, um pau, uma taça e uma moeda. Esse “baralho do dragão” zarpou para o oriente e para o Brasil, nos bolsos dos marinheiros das armadas de Vasco da Gama e de Pedro Álvares Cabral e, no século XVI, era manufaturado no Japão, onde ainda nos nossos dias se joga com os seus “sucessores”.

EN: The portuguese playing cards had a special characteristic, that differed from all others, each ace had a dragon with the pip, and in the portuguese cards, the staff or “pau” as used instead of the clovers() and it is still called today as “paus”, even after the french playing cards overturned the old ones.


“As Cartas de Jogar e os expostos da Misericórdia de Lisboa” -Fernanda Frasão

More info:
http://www.wopc.co.uk/portugal/portuguese-pattern

http://www.wopc.co.uk/portugal/index

Zé Cristo

O clã dos “Cristos” metia respeito: o Manel, na casa dos vinte e oito anos, o João, com menos dois, o Chico, recém vindo da tropa, cujo tempo passara, na maior parte, no forte da Graça, em Elvas, e o ganapo – o Zé – a atingir os dezoito anos, dentro de dias.

Todos iam acima do metro e oitenta.

Não havia festa, ou descante, onde os quatro irmãos não aparecessem, com ar provocador e, por vezes, munidos dos respectivos paus – que punham sobre as omoplatas, formando uma cruz, com os braços –.

Daí derivava, ao que se pensa, a alcunha que ostentavam, vinda já dos seus antepassados e que não ligava ao apelido da família: Alexandre.

Os paus constituíam um verdadeiro adereço; eram vulgaríssimos, na época.

Tratava-se de uma vergôntea de marmeleiro, bem seleccionada e seca longe do sol, com uns dois côvados, ou uma vara – o côvado media 66 cm e a vara 11 decímetros –.

Conhecemos apenas duas utilidades a estes paus, que qualquer homem que se prezasse exibia nas feiras e mercados: para conduzir o gado, ou para se apoiar.

Uma outra utilidade – como padrão – era pouco aplicada.

As zaragatas eram, de facto, o terreno mais vulgar para o uso do pau.

Nas aglomerações e festanças, dos meios rurais, disputava-se o jogo do pau, mas o verdadeiro uso do mesmo era no costado de um qualquer adversário, quando o ensejo tal proporcionasse.

Todavia este e outros costumes foram-se extinguindo, devido à proliferação da GNR e firmeza de Regedores e Cabos de Ordens, nome por que na região eram designados os Juízes de Paz.

Os magotes de rapazes, que andavam de aldeia em aldeia, nos bailes, descantes e festas, deixavam os paus escondidos de forma que pudessem dispor deles, em poucos minutos, se necessário fosse.

Nos torneios de jogo de pau disputavam-se prémios e honrarias, de que qualquer homem se prezava.

Ouvia-se contar, aos mais velhos, que no descante do casamento da mãe do Ti’Chico “Manajeiro”, houve uma zaragata, provocada pelos rapazes de Alcaravela, em que foram partidas mais de vinte cabeças e imobilizados mais de uma dúzia de braços.

Talvez, por isso, “o Manajeiro”, era o maior amigo da ordem e do respeito.

Quase todos os “Cristos” tinham já passado pelas companhas do Ti’Chico; esse ano ia o Zé Cristo, como aprendiz do terceiro ano.

Passaria à condição de camarada no final da safra e, no ano seguinte, teria já todas as condições de “oficial”, nomeadamente soldada por inteiro e direito a prémios.

Os aprendizes recebiam, por norma, duas décimas, no primeiro ano; 3 décimas, no segundo e três quartas, no terceiro ano.

No quarto ano, ou não eram mais chamados para as companhas, ou eram-no, na qualidade de camaradas.

O Zé Cristo era teso, caladão e ligeiramente vesgo – chamavam-lhe “zanaga”-.

Era o mais alto da companha e em largura de ombros, não havia quem se lhe comparasse.

Falava pouco, mas, em contrapartida, comia por três ou quatro.

A trabalhar, uma máquina; os moços, que seguiam no seu encalço, viam-se e desejavam-se para atar os molhos e fazer os rolheiros, atrás dele.

Um dia, um dos moços, o Benvindo, chamou-lhe “caga-molhos”, pois não conseguia manter limpa a área de corte do Zé Cristo.

Tanto bastou para que o Zé pousasse a foice e, pegando pelo atilho das calças elevasse o garoto bem alto, no cimo do longo braço e parecendo mostrar um troféu a toda a companha.

Depois, pô-lo, cuidadosamente, no chão, tornou a pegar na foice e começaram a amontoar-se, atrás dele as gavelas ceifadas.

Sorrateiramente, como era seu hábito, o Ti’Chico, fez sinal ao Manel Carolo, em cujo grupo estava o Zé Cristo, e afastou-se da frente de corte, para que o Lopes e o Duque, camaradas que iam ao lado do rapaz, normalizassem a situação.

Uns minutos depois, fitou o Zé Cristo nos olhos – que nessa altura ficaram mais vesgos e baixos – e apenas disse: é a primeira e a última vez que, nesta companha, alguém falta ao respeito; se voltas a fazer alguma das tuas, racho-te!…

Aqui, somos todos homens, e no que ao respeito diz respeito, até os moços o têm de ter.

Este caso foi edificante.

Muito ao modo como o Ti’Chico costumava actuar; batia pouco, mas, quando o fazia, era inexorável e altamente eficaz.

No resto dos dias da companha não houve mais qualquer altercação. E voltaram todos mais amigos que quando partiram.

No fim da companha, o manajeiro reuniu os chefes de grupo e disse o que pensava fazer com as soldadas.

Tudo esteve de acordo.

O Ti’Chico dividiu a totalidade do dinheiro em 40 partes e atribuiu uma a cada um dos trinta oficiais.

As dez que ficaram – as dos aprendizes –, eram para os cortes, cujas quantias iriam fazer os prémios para compensar o mérito de cada um.

Nessa altura tomou a palavra e chamou o Zé Cristo, entregando-lhe uma maquia igual à dos camaradas, dizendo que mostrou corpo, disciplina e trabalho como os melhores, e que a justiça deve sempre ser praticada.

Ninguém se opôs.

Foi a primeira vez, nas memórias das companhas, que um aprendiz foi promovido em pleno campo de trabalho.

Pela justiça da decisão, o Ti’Chico “Manajeiro”, como sempre ficou conhecido e será lembrado, ainda hoje, é apontado como exemplo de capacidade de liderança e espírito de justiça.

Quanto ao Zé Cristo, aceitou as palavras sábias do “mestre” e não consta que alguma vez mais se tenha envolvido em desavenças.

Publicada por Jose Marques Valente em
http://historiasdegentesimples.blogspot.pt/2013/06/ze-cristo.html

Grupo de Jogo do Pau de Bucos, final dos anos 60

[facebook url=”https://www.facebook.com/1681846555371302/videos/1689976627891628/” /]

Video do Grupo de Jogo do Pau de Bucos, no final dos anos 60.

Primeira metade do vídeo com paisagens da região, comentário sobre o jogo do pau, demonstração de várias situações, moinho, jogo do meio, jogo contra 2, contra jogo, seguido de treino dum grupo de juvenis.

EN: Jogo do pau video from the 60s with diverse forms of practice, one on one freeplay and multiple opponents. Includes a kids class. (action starts around the middle of the video)

https://www.facebook.com/1681846555371302/videos/1689976627891628/

“Bucos, terra já bastante antiga, desde sempre teve jogo do pau. Desde os rapazes que andam com os rebanhos na serra, até toda a gente que anda com os seus gados, todos desde rapazes começam a jogar ao pau. Isso vem desde os nossos avôs, os nossos antepassados, esta série de coisas que realmente através de todos os tempos tem continuado, e continuará, porque não se deixa esquecer, dos velhos para os novos, e os novos continuam a ensinar aos filhos deles as mesmas coisas. É tradição da terra, que manteve isto em toda a região de Cabeceiras de Basto e Fafe, porque realmente, em Fafe, na antiguidade, existia a Justiça de Fafe, em que realmente era o pau que mandava. Hoje, como as armas de fogo acabaram com o jogo do pau, isto manteve-se por uma questão de curiosidade, porque por si, já não tem valor, varrer feiras, nem bater em ninguém, nem fazer mal nenhum a alguém. É um desporto, um desporto que na aldeia que não tem outros jogos, se mantêm, e continua a manter, como digo. talvez por bastante tempo.
Hoje, porque muita gente tem pedido, criou-se um grupo de juvenis de jogo do pau, através do senhor Hernesto dos Santos, que tem tido o cuidado de os ensinar, tem um grupozito a formar-se, que vai existir daqui a 30 ou 40 anos, porque é tudo gente jovem. (…)”

ジョーゴ・ド・パウ – ポルトガルの伝統棒術

Pequeno artigo japones sobre a cultura portuguesa, fala do fado e do jogo do pau.
Para quem percebe, fica aqui, para quem não percebe, tente o google translate, que pode ajudar.
Parece ser num programa de radio ou tv? Se alguêm perceber melhor e copnseguir dar informações agradeço.

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Imagem retirada de: http://www.ixa.jp/diary/2009/200908/index.html

ちちんぷいぷい 2013年9月16日放送回
山中アナウンサーはポルトガル共和国を訪れた。 これまでは、日本とポルトガルのご縁や金融危機の今の状況やポルトガルの現地の魚好き事情を伝えた。 今回は、ポルトガルの伝統文化を紹介する。

山中アナウンサーは2週間にわたるポルトガル取材で日本とのつながりが深いなどいろんなことが分かったと伝える。 今回紹介するのは、ポルトガル伝統の音楽と踊りで、音楽は民族歌謡「ファド」で日本で言う演歌に近い、ポルトガル北東部に伝わる踊り「ジョーゴ・ド・パウ」を説明した。

ポルトガルの首都・リスボンは起伏の多い町である。 そんなリスボンの移動手段は路面電車があり、市民の足となっている。 また、リスボンの街の中心地には丘の上と下をつなぐエレベーターがあり、1902年に建てられた。

リスボンの街を歩いていると音楽が聞こえてきて、ギターを引いていた男性に聞くと「ファド」について教えて貰った。 山中アナウンサーは「ファド」が聞けるという夜のバイロ・アルト地区へ向かった。 ここには「ファド」が聞けるお店が数多く並んでいる。 「ファド」は人生などの意味を持ち、貧しい人々たちの娯楽として生まれたと言われる。 また、通常「ファディスタ」と呼ばれる歌い手が入れ替わりで歌うがお客が飛び入りで歌うこともある。

ポルトガル北東部のみで伝えられている「ジョーゴ・ド・パウ」を取材するためにミランダ・ド・ドウロへやって来た。 「ジョーゴ・ド・パウ」は元々他部族との戦いに勝利した際に踊ったもので、当時はナイフなどを使っていたが現在は木の棒使っているなど当時の服装を民族衣装で再現している。 また、山中アナウンサーは「ジョーゴ・ド・パウ」の基礎を習い挑戦した。

スタジオでは、VTR を振り返ってトーク。 山中アナウンサーは「ジョーゴ・ド・パウ」の基礎の基礎を教えてもらい、ゆっくりした動き挑戦したがそれでもハードだったと話した。 また、「ファド」についてやポルトガルの夜の街についてトークした。

http://tvtopic.goo.ne.jp/kansai/program/ytv/41514/211817/

Momentos dos anos 80 – Snapshots from the 80s

Por volta dos anos 80 houve um trabalho de pesquisa sobre o jogo do pau português, numa altura em que ainda existiam mais alguns mestres e escolas activas do que existem actualmente. Deixo aqui algumas imagens de vídeos recolhidos por Nuno Russo, Chico Secio e Paulo Oliveira no ano de 1985.

EN: Around the 80’s there was an effort in researching some of the surviving jogo do pau schools of the time, most of them are unfortunately gone by now. Here are some frames from some of the movies colected by Nuno Russo, Chico Secio and Paulo Oliveira in 1985.

Assalto de Jogo do pau realizado por 4 meninas em 1955

Abertura da festa desportiva, que consta de um grandioso assalto de JOGO DE PAU, executado por 4 meninas, todas filhas da localidade, pela primeira vez, no nosso país apresentar-se-ão em público, executando a esgrima genuinamente Portuguesa, tendo sido seu instructor o sr. José Augusto Tavares com a colaboração do professor e mestre sr. António Moleiro, que com os seus vastos conhecimentos deliciará a assistência com a apresentação das gentis meninas Francisca do Carmo Inverno, Berta Maria da Silva Nascimento, Cezaltina Couceiro e Maria do Carmo Baptista.

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Reconhido de https://www.facebook.com/121615721241101/photos/a.121617344574272.19160.121615721241101/869859246416741/

O Varapau em Coimbra no contexto das praxes académicas.

MOCA: não se sabe com rigor quando é que a moca de madeira foi adoptada pelos alunos da Universidade de Coimbra. A moca tem origem pré-histórica. Na sua qualidade de arma de caça, arma de defesa e bastão de mando, foi usada pelos grupos de caçadores recolectores, tendo passado mais tarde para as comunidades agro-pastoris do Neolítico. Em Portugal, sob diversas formas, sobreviveria nas comunidades populares tradicionais e na Academia de Coimbra até ao século XX.(…)

Curiosamente, nas comunidades tradicionais portuguesas, a moca não foi a arma mais utilizada pelos camponeses. Foi antes o pau ferrado, bordão ou varapau, que os camponeses exibiam invariavelmente em feiras, romarias e deambulações entre aldeias. Alguns paus ferrados tinha ponteira de metal ou aguilhão, servindo simultaneamente para picar o gado bovino e cavalar. O pau era usado em rixas masculinas individuais, combates entre aldeias, jogos rituais e condução do gado. Exibido com garbo, conferia respeitabilidade ao camponês, na medida em que imitava a vara do mando usada pelos mordomos de confrarias, vereadores municipais, juízes de direito e oficiais da Universidade de Coimbra. O pau ferrado foi muito usado pelos estudantes de Coimbra até finais do século XIX, em caminhadas ao Buçaco, Condeixa e Figueira da Foz, brigas entre estudantes e futricas, charivari alegórico de fim de ano e combates rituais no Largo da Feira. Porém, não chegaria a ser convertido em símbolo de práticas praxísticas.

“Notas sobre a Origem académica das Insígnias de Praxe.”


Outro aspecto, prende-se com as “pauladas”, reforçando o que já aqui se avançou sobre Insígnias de Praxe (moca, colher….) onde se questionou a “moca” como ícone praxístico, quando a arma mais utilizada pelos estudantes era, afinal, o varapau.
Troças e Rapanço em Coimbra, in A Liberdade, 23 maio 1890, 20º Anno, nº 1016, p.2“Notas de Imprensa à Troça de 1890”