Jogo da Lança ou Pique

Neste “Methodo de manejar o pique ou lança“ de 1809, o autor descreve a sua técnica ao longo do livro como jogo do lança, ou pique, do mesmo modo como chamamos de “jogo” ao jogo do pau. Sendo que esta utilização é tecnicamente diferente do jogo do pau, quer pela diferença das armas, quer da aplicação, militar e em formação de guerra. No entanto é interessante ver a utilização da expressão “jogo” como manejo de armas, e não como “arremesso” ou “brincadeira/jogo de desporto”, como é utilizada hoje em dia.

Faz também uma referência ao jogo do pau, e em como a lança é superior ao pau:

“Muita gente pelo pouco conhecimento, que tem deste jogo(da lança ou pique), assentará que é o mesmo manejar a lança, ou pique que jogar o pau, por alguma semelhança que lia em algumas posições; porém é tanta a diferença, que pelo uso desta arma nos dará  toda a razão ; e todo aquele que estiver bem certo, e ágil no manejo que temos dito, verá a muita vantagem que tem sobre o Atirador do pau, e quanto este trabalha descoberto.”

Aqui o autor destaca a vantagem de utilizar uma lança, o que faz sentido, pois a ponta de ferro, tornando o varapau mais letal, transforma-o numa arma superior.

Prof. António Lapa com seus disciplos no G.C.P. em 1930

Prof. António Lapa com seus disciplos no G.C.P. em 1930.- ( Biblioteca Museu do Desporto, Revista Stadium, 1932.)

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mestre António Lapa:
Natural de Salvaterra de Magos, homem alto, magro  de grande alcance.

Foi discípulo de António Emídio e José Gonçalves Dias (o 95) começou a jogar o pau aos 26 anos no Largo da Achada.

Mais tarde mestre, leccionou no Lisboa Ginásio Clube e no Ginásio Clube Português.

Tendo falecido em Lisboa a 25 de Junho de 1932.

– “Jogo do Pau (Esgrima Nacional)“ – António nunes Caçador, 1963.

The sticks of Joinville : What is French Baton?

Não é trivial, o facto do jogo do pau ter sobrevivido em Portugal como arte de combate ainda no século XXI. Activo com vários grupos tradicionais, a “baterem a sério” ainda que já não para matar como antigamente, bem como outros grupos continuaram também nas cidades a sua prática, fora do seu meio natural. Distingue-se de outros, quando sabemos que até muito recentemente, se praticava alguma forma de combate com varapaus, por praticamente toda a Europa.

Este link descreve-nos a especificidade do varapau em França, como até há pouco tempo se praticava, de forma talvez até mais oficial e apoiada por instituições, do que em Portugal, existindo vários manuais educativos bem até ao século XX, mas em que a sua prática, aos dias de hoje, praticamente se extinguiu, não restando grupos tradicionais a pratica-la.

EN: It is not trivial, the fact that staff fencing in Portugal have survived as a living art, all to the 21st century, still with some active traditional groups. Specially when we know very well that staff fencing was practiced all around Europe, up until very recently.

This link describes the specificity of the practice in France, that up until very recently was practiced, and supported officially. With many documented manuals up until early 20th century, but as a practice is now extinct, with no active traditional groups practicing it.

The sticks of Joinville : What is French Baton?

José Pinto d’Azevedo, era um morgado desta freguesia, e pessoa de muita nobreza.

O pároco de então, era homem de génio irascível, e tendo certas desavenças com o morgado, receando a sua vindicta, abandonou a freguesia e fugiu para a sua terra.

O povo estimava o pároco, e reunindo-se, no dia 21 de Abril de 1793, marchou para a terra do pároco; mas, no caminho, lhe saiu o morgado, ao encontro, armado de uma espingarda, e perguntando onde ia toda aquela gente, um da turba lhe falou inconvenientemente, e o morgado o matou com um tiro. O povo então, exasperado, matou o assassino, à paulada.

Ambos os mortos foram enterrados no dia seguinte; ficando 48 pessoas culpadas. Ainda hoje é aqui este facto recordado com horror.

“Portugal antigo e moderno” Volume 8 – 1878

Chegou em fim a desejada festa,
Onde as nossas Pastoras se ajuntavão:
Já nos frescos lugares da floresta
Os valentes cajados se arvoravão:
Cada qual revolvia na memoria
A vantagem, o premio, a victoria.

O sitio da contenda está patente;
Mas não se entende hum leve desafio:
Com razão se murmura, e toda a gente
Dos Pastores escusa o fraco brio.
Não pude soffrer mais: fui o primeiro;
Que saltei para o largo do terreiro.

No meio com valor me exponho à lucta,
(Cuido que por Amor era animado)
O forte Jonio a gloria me disputa;
Mas depressa ficou no chão prostrado.
Altos, alegres vivas se entenderão
E hum malhado cordeiro então me derão.

Pego nelle, e Themira procurando,
Themira, que mais bella do que a Aurora
Tinha estado tambem presenceando,
Aqui tens, gentilissima Pastora,
Lhe digo então, o premio, que pertence
A quem os corações domina, e vence.

O pejo lhe circula a rubea face,
Fica mais linda, fica mais galante:
Mas antes que o cordeiro me acceitasse,
Vai consultar o parternal semblante.
Pegou nelle, e , baixando os olhos bellos,
Me agradece com termos mui singellos.

(…)