O jogo do pau na história do Soajo aos quadradinhos; in english!
(“The Judge of Soajo”, texto e desenhos de José Ruy, Editorial Notícias)

Disponível à data em:
http://www.fnac.pt/O-Juiz-de-Soajo-Jose-Ruy/a807684

“A história, os costumes e as tradições da vila de Soajo, em Arcos de Valdevez, são preservados pela mão de José Ruy, o autor português de banda desenhada com mais álbuns publicados. A propósito da comemoração dos 500 anos do Foral de Soajo, a Âncora Editora reedita uma obra de valor inestimável pelo registo do rico património cultural, paisagístico e patrimonial desta aldeia singular, outrora sede do concelho.”

A espada a duas mãos – A forma como é utilizada atualmente, com uma guarda com um comprimento de quatro mãos ou mais, é mais adequada, não tanto ao combate um contra um, mas, pela sua habilidade, como um galeão cercado de galés, por si só, a opor-se a várias outras espadas ou diferentes armas. (…) é comum o seu uso em cidades, de dia ou de noite, sempre que um possa ser atacado por vários. Devido ao seu peso, que requer grande força, é utilizada pelos mais fortes de braço e de coração. Estes homens, vendo-se a ter que defrontar vários outros, por segurança e para aterrorizarem os seus adversários com a fúria da sua arma, fazem ataques com longos cortes, trazendo a espada a fazer um circulo completo, ora colocando o peso sobre um pé ora sobre outro, sem se preocuparem de todo em fazer pontuadas, pois segundo a sua opinião, os ataques de ponta apenas afetam um único homem, enquanto um corte, consegue lidar com vários.

Giocomo DiGrassi 1570 (via thescholarsruminations)

Se esgrime el palo en la provincia de Santander y montañas de Leon, en el principado de Astúrias y en algunas comarcas de Galicia.
En Francia en Auvernia y en el Franco-Condado.
En Portugal en la Beira alta e baja.

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“Arte de esgrimir el palo” Liborio Vendrell y Eduart – 1881

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=BnBjArmWGlM?feature=oembed&w=500&h=374]

“O jogo do pau acabou”
Neste vídeo podemos ver uma canção e dança sobre o jogo do pau, infelizmente já não podemos ver jogo do pau, pois como nos diz o cantor, ele já não existe, nesta aldeia pelo menos, e infelizmente em muitas outras. Agora só o podem cantar, e bater com os paus para os fazer soar numa coreografia que apenas nos faz lembrar algo que se perdeu.

There is no Jogo do pau anymore.
In this video we can see a song and dance about jogo do pau, however this is not a jogo do pau demonstration but a dance to accompany the song, as many other folkloric dances the group performs. The singer tells the story of a time when there was brave jogo do pau fighters in the village, and says that now, there is no jogo do pau anymore there (in this village and unfortunatly in many others). All they can do now is to sing and dance, in a choreography, just hitting the staffs in the air to make them sound and remember something that is lost.

A guarda do jogo do pau com a perna da frente dobrada, logo, com o peso na frente, não é uma invenção moderna ou adaptação de artes orientais.

Esta guarda é utilizada desde à séculos em várias formas de esgrima, inclusive na mais moderna esgrima olímpica, e como se pode ver, era também utilizada com vários tipos de armas, de curtas a longas, a uma ou duas mãos. Podendo haver algumas exceções, em algumas artes, ou situações que em o peso é colocado de outra forma, é no entanto a norma, a postura mais comum.

O amor, nas provincias septentrionaes, é um elemento obrigado de animação e de vida nos arraiaes populares. Abundam, como aqui se diz, os «conversados» ou, como nós dizemos no sul, os «namorados.» Cada rapaz, apoiado ao seu varapau, «conversa» com a namorada durante longas horas, umas vezes em verso, outras em prosa, quando nào é, alternadamente, em prosa e verso. E esse varapau representa uma espécie de estacada para conter em respeito os espectadores. Ai d’aquelle que se atrever a aproximar-se dos dois namorados e a intrometter-se no seu dialogo. Se o fizer, apanha immediatamente uma sova ;
é quasi sempre esta a causa das maiores desordens nas romarias do norte.

“Sem passar a fronteira”  Alberto Pimentel (1902)