Lições de varapau, em vez de trabalho.

No dito grupo figuravam alguns que, devido aos aturados exercícios bem como ao seu jeito natural, atingiram tal grau de perfeição que chegaram a gozar de grande fama. E de proveito também. Foi o sucedido com aquele que, em terras alentejanas para onde fora, em grupo, na maré da ceifa, teve a sorte de a sua fama de jogador de pau subir aos ouvidos do patrão, por tal sinal, muito interessado em aprender o dito jogo.

Feita uma ligeira prova, que agradou em cheio, viu-se contratado para o ensino das suas reais habilidades técnicas e das manhas, que faziam parte do seu estilo. Da contrata fazia parte o direito a receber a jorna dos ceifeiros em troca das “lições” que o patrão desejasse, dentro das horas e dias de trabalho braçal.

Em fim de contas, tão agradado ficou o “aluno” como o “professor” que o tratado continuou em vigor para o ano seguinte, nas mesmas condições!

http://alqueidao.wordpress.com/2012/07/26/o-jogo-do-pau/

A LENDA DO HERÓI DO JOGO DO PAU

Há muito tempo vivia uma jovem lindíssima que trabalhava como aia da marquesa, dona e senhora da Quinta das Marquesas, uma propriedade que existia na zona de Sintra.

A propriedade era muito extensa e toda murada e nenhum habitante das redondezas se atrevia a entrar pois sabia que era vigiada por dois guardas armados.
A jovem tinha um apaixonado, um rapaz do povo, mas pouco se viam, só quando o jovem ia entregar algumas mercadorias à mansão e às escondidas conversavam e faziam planos para o futuro.
Chegou o dia em que, como todos os anos acontecia, a propriedade era aberta ao povo pois, nessa altura realizava-se uma festa que era, ao mesmo tempo religiosa e pagã. Religiosa pois fazia-se a procissão em honra da Nossa Senhora das Mercês que estava na capela da propriedade e pagã pois, ao mesmo tempo fazia-se uma feira onde se vendiam os produtos agrícolas, cereais e gado. Também havia jogos e um dos mais populares era o jogo do pau.
Nesse ano, para tornar o jogo mais renhido o caseiro e pai da jovem fez constar que daria a mão da sua filha em casamento ao homem que ganhasse o jogo do pau.

Todos os anos o jogo tinha muitos concorrentes pois era hábito fazerem competição entre as terriolas das redondezas para ver quais tinham os homens mais corajosos, mas parecia, ao jovem enamorado, que nesse ano ainda havia mais homens a competir.

A jovem, sabendo da promessa da sua mão em casamento, ficou destroçada a pensar que iria perder o seu amor para sempre, mas no dia do jogo a esperança explodiu no seu coração pois viu que o seu amado ia concorrer.

A competição começou e estava renhida, havia realmente muitos homens valentes, mas o jovem com a força redobrada por todo o amor que sentia, conseguiu vencer a competição.
Esgotado, roto e sujo apresentou-se ao caseiro dizendo que apesar de achar que era pouco digno de um pai oferecer assim a mão de uma filha em casamento ali se encontrava para reclamar o seu prémio pois estava perdidamente apaixonado pela jovem.

Assim os jovens casaram e viveram muito felizes na propriedade, continuando a jovem como aia da marquesa e o jovem como caseiro.

– Bernardo Teodósio nº5 6ºA – 2010

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Peça de Teatro “As Lendas de Fafe – uma História de Justiça”
Grupo TT – Teatro de Travassós

“A peça de Teatro “As Lendas de Fafe – uma História de Justiça”, é apresentada esta sexta feira em Guimarães a partir das 21:30, o ciber centro recebe uma história lendária. A peça tem uma hora e um quarto.

«A roçadoura é a mesma foice de podar as vides, mas com ponta aguda na direcção das costas, do tamanho de meio palmo acima dela, para poder cortar para o lado, e espetar para a frente, encabada em um pau da altura de um homem, como a figura aqui desenhada ao lado. O manejo desta arma é o mesmo do jogo do pau(…)

“Maria da Fonte – Apontamentos para a História da Revolução do Minho de 1846” – Camillo Castello Branco

Viemos para bater

“a história desses dois cabecilhas da politica local, de Vieira do Minho, o Padre Júlio, da Vila, e o Barroso, dos Anjos, o primeiro que junta mais de 500 homens, para vencer o seu adversário numa verdadeira batalha em campo aberto: o segundo, que lhe opõe 150, mas que eram a fina flor dos jogadores de pau, escolhidos por toda a região, até Montalegre, distribuindo-lhes braçadeiras vermelhas, para eles reconhecerem os demais da sua falange, na confusão da luta.

No dia da refrega, mediadores, receando o que seria o recontro, interpuseram-se e conseguiram que ele se não realizasse: pipos de vinho e vitelas assadas inteiras foram postos á descrição daquelas gentes.

Entretanto, chegavam os de Montalagre  – 20 homens chefiados por um amigo do Barroso – ignorantes da reconciliação: convidados a participar desse festim, ao perceberem o que se passara, recusam altivamente, dizendo que «tinham vindo para bater e não para comer»: e, metendo esporas aos cavalos, deram meia volta e voltaram para as suas terras.”

Festividades ciclicas em Portugal – 1984 – Hernesto Veiga de Oliveira

O minhoto e o fadista

Nos montes, ao ar livre, no despovoado, onde não há aperto, onde não há escuridão, nem galeria de mulheres dissolutas, nem a encruzilhada das vielas, nem os portais escuros, nem os apitos da polícia, o homem precisa naturalmente de toda a sua força e de toda a sua inteligência para atacar e para se defender.

Aí o homem que saca a navalha encontra-se debaixo do varapau, e não tem defesa nem esconderijo nem fuga: tem de lutar por força, braço a braço e frente a frente.

Por isso o minhoto que se embriaga nunca promove rixas: deita-se sensatamente a dormir. Se um dos nossos fadistas do Bairro Alto abusar do vinho do minhoto para o insultar, este deixar-se-á injuriar até bater, fará com este a figura mais parecida com a de um cobarde, o que deverá levar o fadista, se ele não souber bem anatomia, a numerar escrupulosamente nessa noite todas as engrenagens do seu esqueleto, porque no dia seguinte terá os ossos todos num molho.

“As Farpas” – Eça de Queirós, Ramalho Ortigão

A romaria á Ermida de S. Silvestre

A romaria á Ermida de S. Silvestre perde-se no tempo, mas o fervor da devoção ao Santo avivou-se depois da reconstrução da capela. Para comemorar tal feito, foi celebrada uma grande missa pelos párocos das duas freguesias – Póvoa e Montalvão – com procissão ao longo de toda a azinhaga (desde a estrada até á capela) e comprado um Santo novo, desta feita de barro, vestido de branco já que S. Silvestre fora Papa.

Entre a Póvoa e Montalvão sempre houve muitas rixas, mas esta questão do S. Silvestre veio ainda reforçar o “ódio de estimação”entre as duas freguesias. Diz-se que as gentes de Montalvão tinham tanta”raiva”ás da Póvoa, por terem sido estes a reconstruir a capela e a comprar um Santo novo, que até insistiram em ter o antigo (de madeira) na sacristia para lhe fazerem as oferendas. Lá diziam eles que “Santos de barro não fazem milagres”. Por causa destas e outras desavenças entre os dois Povos, é aqui nesta romaria, que começam as famosas brigas de pau e pedra em que as azinheiras, na azinhaga que liga a Capela á estrada, ficavam completamente desfolhadas.

Por a Póvoa ser famosa em ter as mais belas raparigas dos arredores, era esta romaria muito visitada. Vestidas com os seus” fatos de Carnaval”, saia encarnada bordada, xailes lindíssimos nas costas e com todo o ouro ao peito eram mais um motivo de desavença entre os rapazes, que ponham todo o fervor numa desgarrada bem cantada e improvisada mas acabando sempre em insultos entre eles e claro numas boas pauladas e pedradas.

-Adaptado do texto de Elisabeth Arez inserido no programa do III Festival de Folclore em 20 Agosto 1994

Maudú-Assú

“N’esta acção se destinguiu pela sua descomunal actividade e força um matulão por nome Manoel Rodriguez, chamado porem Maudú-Assú, ou Manoel Grande. Ia n’um batel com a mulher, que era da mesma côr, e os seus escravos: duas canoas o investiram, mas ele as rechaçou ambas, manejando um varapau com força tal nos intervalos em que a virago lhe carregava o mosquete, que cada golpe era mortal para o selvagem sobre quem caia. Contribuindo mais do que ninguém para a vitoria que os portugueses alcançaram, foi galardoado com uma patente de capitão”

“História do Brazil” – Robert Southey, Fernandes Pinheiro, 1862