Visconde do Tojal
O Visconde do Tojal ( João Vicente de Oliveira, 1864-1939 ), como destro esgrimista desse jogo tão nacional – o jogo do pau – contam-se dele verdadeiros atos de bravura e destreza, que só por si, fariam uma reputação.
O Tiro Civil Nº 233 – Abril de 1902
Jogo da cruz italiano.
Deixo aqui mais uma nota a revelar a ancestralidade do que chamamos de Jogo do Norte que ainda hoje é praticado por todo o pais, nas cidades e em várias aldeias. Desta vez do século XVII, em Itália, com o Montante, ou Spadone no original, uma espada que era aproximadamente do comprimento de um varapau.
COMO SE DEVE NUM LUGAR ESPAÇOSO fazer as três cruzes do Montante – Cap. IX
As presentes lições são todas provenientes de ocasiões verdadeiras em que por questões, na sua maioria surgidas a sangue quente, somos levados ao modo de a ter de fazer as três cruzes, para usá-las em situações em que se seja atacado por várias pessoas nas praças ou ruas espaçosas, e para se fazer isto se requer muito juízo, embora acompanhado de resolução e habilidade, como mostrado na Figura anterior.
A primeira cruz divide-se em dois “golpes oblíquos da direita para a esquerda”, que são acompanhados com o pé direito girando o corpo e o montante em rotação, e cada um dos golpes fará o seu próprio movimento, tendo o pé esquerdo firmemente no chão, e o outro, que caminha duas vezes com o “golpe obliquo”, e em seguida firma-se o pé direito e começa-se com o pé esquerdo juntamente com dois “cortes da esquerda para a direita”, e findo os dois golpes recomeça-se como antes, com o pé direito, e passa-se para o flanco direito, executando-se os mesmos dois “cortes da direita para a esquerda”, e findo se firma o pé direito, e o esquerdo para o lado esquerdo, e far-se-ão os dois “cortes da esquerda para a direita” e em seguida se retorna ao lugar onde se começou.
A segunda cruz far-se-á com “três golpes oblíquos da direita para a esquerda”, e com três “cortes da esquerda para a direita”, os “golpes da direita para a esquerda” sendo acompanhados com o pé direito, e os “cortes da esquerda para a direita” com o pé esquerdo, girando-se três vezes o corpo, e com o Montante, mas mantendo-se a sobredita ordem.
A terceira cruz far-se-á com quatro “golpes oblíquos”, e também com “cortes da esquerda para a direita”, com quatro repetições de cada lado, uma para diante, outra para trás, e de igual forma para o lado direito e esquerdo, observando-se a regra que havíamos demonstrado com o já referido discurso.
“Lo Spadone (O Montante)” de Francesco F. Alfieri – 1653 Tradução de Filipe Martins
– Nota: Por uma questão de facilidade, adaptei um pouco o texto, substitui também os termos italianos, pela descrição fornecida no mesmo documento pelo tradutor, no glossário. Creio que assim fique mais legível para quem só joga ao pau e não está dentro dos termos originais. Para um estudo mais aprofundado aconselho o texto original acima ligado.
Arthur dos Santos, sucessor de mestre Augusto da Silva no R.G.C.P.
via OTiroCivilN200.PDF
“O Tiro Civil” Nº 200, 4 de Dezembro de 1900.
“A Esgrima Nacional” -Zacharias d’Aça
Artigo de Zacharias d’Aça em “O Tiro Civil” ao longo de vários Números.
“Se o pau, nas mãos de um jogador forte e destro, é uma arma terrível no ataque e de grande resistência na defesa, encarado pelo lado artístico o seu jogo é duma rara elegância”
Mestre António Nunes Caçador
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Artigo do jornal «Novidades»
por Sebastião Duarte da Mota Cerveira.
Dos mestres do jogo do pau que actualmente têm escola em Lisboa é de toda a justiça colocarmos num lugar de destaque António Nunes Caçador, antigo professor do Grupo Desportivo da Companhia dos Tabacos e, presentemente ajudante do mestre Domingos Miguel, no Ateneu Comercial de Lisboa.
Caçador principiou a jogar o pau em 1922 no Ateneu Comercial e o seu primeiro mestre foi Jorge de Sousa que, nos grandes tempos da esgrima lusitana, tinha sido discípulo do abalizado mestre Frederico Hopffer.
Depois de ter trabalhado durante alguns anos com aquele professor, fez-se discípulo de Domingos Miguel, jogador de combate, um dos maiores de todos os tempos, uma autêntica maravilha na arte de manejar uma vara de lodão!
António Nunes Caçador, elemento de primeira ordem no jogo do pau, exímio em «cortes» e maravilhoso em «passagens» é hoje sem dúvida, um dos mais completos jogadores de Lisboa, inúmeras vezes, em lutas emocionantes que deram brado pelo ardor com que foram disputadas, tem provado que não conhece o medo e que a sua vara está sempre pronta a cruzar se com a de qualquer adversário por muito que seja superior a sua classe!
Ultimamente, no Ateneu, quando este clube foi visitado por uns jogadores da província que aí se exibiram sustentou uma dura batalha com o mestre dos aludidos jogadores batendo-se com toda a galhardia marcando nítida superioridade sobre o seu antagonista e elevando ao máximo a escola de Lisboa que ele, nessa luta emocionante representava!
E o jogo que travou com o aludido mestre da província foi coisa que ainda não se tinha visto no Ateneu e, pela violência com que foi disputado, fiz lembrar os grandes jogos dos tempos em que a esgrima do pau era cultivada nos quintais de Lisboa!
Grande tem sido a propaganda que António Nunes Caçador tem feito da esgrima do pau: já jogou inúmeras vezes no Coliseu dos Recreios em Lisboa, em Santarém, em Alhandra, Caldas da Rainha, Montijo, Almada, Moita, Leiria, Coruche, Barquinha, e em muitas outras localidades e também no Pavilhão dos Desportos.
Nunes Caçador é autor de um interessante e útil tratado sobre esgrima do pau e que foi publicado em 1943 livro escrito em linguagem clara e simples e ao alcance de todas as inteligências, é de grande utilidade para os amadores do viril desporto! Nada falta nessa obra, e o autor mostra claramente o conhecimento que possui do assunto pois trata, magistralmente em todas as suas minúcias a esgrima lusitana.
António Nunes Caçador que está, presentemente na força da vida, é pois, um grande jogador e um mestre da mais sólida competência e as suas exibições sempre aplaudidas, fazem recordar os velhos tempos da esgrima portuguesa, os tempos dos jogos nos quintais de Lisboa, ocultos pelas trevas dos anos, mas sempre lembrados com saudade pelos amadores do viril desporto que é o jogo do pau, cultivado com toda a mestria na linda terra portuguesa.
em “Jogo do pau (Esgrima Nacional)” António Nunes Caçador, 1963.
en: Master António Nunes Caçador
Article from newspaper “Novidades” by Sebastião Duarte da Mota Cerveira. (around the 50s?)
Of all the masters currently in the Lisbon school, it is fair to highlight António Nunes Caçador, old professor of “Grupo Desportiva da Companhia dos Tabacos” and presently, as assistant master to Domingos Miguel, in “Ateneu Comercial de Lisboa”.
Caçador started staff fencing in 1922, at “Ateneu Comercial de Lisboa” and his first master was Jorge de Sousa, that in the high time of the lusitanian fencing (late 19th and early 20th century in Lisbon), had been a disciple of master Frederico Hopffer.
After some years of training with master Jorge de Sousa, he became a student of Domingos Miguel, a more combat oriented fencer, and one of the greatest of his time, a true wonder in the art of maneuvering a lote staff!
António Nunes Caçador, element of the first order in jogo do pau, was expert in «cortes» (evasion counter attacks) and «passages» and is today without a doubt, one of the most compleat fencers in Lisbon. For inumerous times had exciting fights that were hailed by the audience for the fervor with wich they were disputed. He prooved to be fearless and his staff is always ready to cross with any opponents, no matter how great is their level!
Lately, in Ateneu, when this club was visited by some fencers from the province, he had a great battle with the master of the mentioned fencers, fighting gallantly, and marking clear superiority over his antagonist, he elevated the name of his school, that he represented in that thrilling fight.
It was a fight like it is rarelly seen in Ateneu, due to the level of violence at wich it was disputed, remembering the best times of staff fencing in Lisbon.
Great has been the propagand that António Nunes Caçador has made of the art of staff fencing, he fenced many times in “Coliseu dos Recreios”, in Lisbon, Santarém, Alhandra, Caldas da Rainha, Montijo, Almada, Moita, Leiria, Coruche, Barquinha and many other places, and also in “Pavilhão dos Desportos”.
Nunes Caçador, is an author of an interesting staff fencing manual, that was published in 1943, book written in clear and simple language, at a reach of everyone, and of great utility for all lovers of this manly sport! Nothing is lacking in this work, and the author clearly shows his knoledge of the subject and all the minutiae of the lusitanian fencing.
António Nunes Caçador is now in the hight of his life, he is a great fencer and a master of great competence, his exhibitions are always hailed, and make us remember the old times of the Portuguese fencing, occluded in the shades of time, but always remembered by the lovers of this manly sport that is staff fencing, nurtured with great mastery in the beautiful Portuguese lands.
FREE E-book – Lucky friday the 13th !
É na minha opinião o melhor livro de jogo do pau de sempre, e uma analise profunda da tática da nossa arte, aplicável de uma forma generalizável a várias armas e contextos.
Totalmente gratuito, mas apenas nos próximos 4 dias, aproveitem esta oportunidade única!
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Best wishes,
LP
About the book:
The goal of this book is to simplify the training of all fencing (weapon) arts, tackling both the subject of contents (What to teach) and pedagogy (How to teach).
This is sought by sharing concepts, games & drills that easily teach how to choose one’s counter according to:
1. Number of opponents
2. Traits of weapons:
a) Bladed /blunt
b) With and without hand guard
c) Single or double handed
3. Having greater, lesser or the same reach
4. Type of parry performed
5. Quality of footwork
About the Author –A brief presentation of Coach Luis Preto:
- Instructor of stick combat (Jogo do Pau), Karate & Wrestling
- Undergrad in physical education
- Two masters in sport sciences
a) Sport teaching strategies (ULHT/Lisbon)
b) Coaching (UBC/Vancouver) - Certified by the International Sport Sciences Association as a:
a) Fitness trainer
b) Youth training specialist
c) Endurance training specialist
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É Valente?
— Pois Luiz Alves, na sua qualidade de soldado de cavalaria miguelista, dos celebres dragões de Chaves, tomou parte em todas as ações em volta do Porto, de Lisboa, nas batalhas de Almoster, da Asseiceira, e obteve uma condecoração pelo seu valor em campanha.
— É valente ?
— Valentíssimo. De génio brigão, irascível, varreu feiras a pau, desarmou escoltas e fugiu umas poucas de vezes ao braço da Justiça. Respondeu por fim no julgado de Vila Pouca de Aguiar, a dezoito processos instaurados por diversos crimes. Defendeu-se alegando que em todos os demais estava inocente e que apenas matara dois homens em legítima defesa.
Manuel Medina e Carlos Seabra
“Ambos intrépidos e distintos ciclistas e jogadores de pau; como sócios do Real Club Velocipedista de Portugal teem como mestre d’esta tão nacional esgrima o sr. Soares da Silva.
O desenvolvimento physico, a agilidade e firmeza que dá o jogo do pau, são das melhores e mais recomendáveis.
Os dois distintos esgrimistas e nossos estimaveis assignantes, foram quem no sarau do R.C.V.P. cm 31 de dezembro passado, executaram, no Colyseu dos Recreios, o numero do jogo de pau. ” – O Tiro Civil Nº 227 – Jan 1902
Arthur dos Santos 1903 – Escola Académica
Foto de grupo da classe de jogo do pau da Escola Académica orientada por Artur dos Santos