Jogo do Pau – História / History – OS GUARDIÕES DA TRADIÇÃO

"Os guardiões da tradição" Documentário (em português, com legendas em inglês) sobre o Jogo do Pau no norte de…

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O Jedi de Fafe!

“O meu sabre de luz é um pau… de marmeleiro”.
O Jedi de Fafe, na Mixórdia de temáticas de Ricardo Araújo Pereira.

“Como fã da guerra das estrelas, considero este o melhor texto sobre a guerra das estrelas“ – Nuno Markl

É a tradição que assevera
Que corremos tudo a pau
Mas nenhum de nós é fera
E fafense algum é mau.

A “Justiça de Fafe” é, ainda hoje, um símbolo identificador desta Terra, do qual muitos fafenses se orgulham, por cá e pelo mundo. É uma tradição histórica incontornável que o concelho de Fafe quis perpetuar em forma de monumento erigido nas traseiras do Tribunal em 1981. Para “lavar” talvez, um pouco a imagem pejorativa que alguns poderão dar a esta tradição, foi concebido o verso seguinte.

e ainda outra lenda da Justiça de Fafe

D. Fafes Telesluz
No tempo do Conde D. Henrique, havia um cavaleiro chamado D. Fafes Telesluz, que era alferes-mor do Conde. Tinha D. Fafes uma bondosa esposa, muito amiga dos pobres e do povo em geral. A dada altura, o cavaleiro ter-se à apaixonado pela sua aia, uma mulher muito formosa que querendo o amado só para si, envenenou a sua ama, tendo esta falecido. O povo, que adorava a esposa de D. Fafes, apercebendo-se que a causa da sua morte residia no veneno que a aia lhe ministrara, dirigiram-se armados de varapaus para a porta do famoso cavaleiro, exigindo que lhes entregasse a aia, para que pudessem fazer justiça pelas próprias mãos. Não lhe restando outra alternativa, D. Fafes entregou a aia à multidão que a matou à paulada: Aí se terá feito “Justiça de Fafe”.

Outra lenda da Justiça de Fafe

Um jovem rapaz filho de gente humilde, no dia das festas da Senhora de Antime, enquanto assistia à passagem da procissão, viu a sua “trigueira”, bela e amada namorada ser apalpada no “traseiro” por um abastado fidalgo que visitava Fafe, tradicionalmente, pelas festas da Vila. O jovem namorado, embora ficasse muito ofendido, não quis “fazer peito” e pacientemente deixou passar a procissão. No final deste acto religioso, o rapaz dirigiu-se ao fidalgo fazendo-lhe sentir o seu desagrado pelo gesto obsceno feito à sua namorada momentos atrás. O burguês, tirando a sua cartola da cabeça, fá-la passar junto da cara do rapagão que sentindo-se uma vez mais provocado, quis lavar a sua honra, desafiando o ricaço para um duelo. O desafio foi aceite. No momento de escolher as armas, foi pelo próprio povo que assistia à discussão, pedido aos homens desavindos que mantivessem a tradição do jogo do pau. O ofendido aceitou esta escolha popular das armas. Pelos presentes foram então entregues aos rivais dois valentes “lódãos”.

A escaramuça começou. Ouviam-se, de vez em quando, os gemidos de dor dos homens quando sofriam as fortes pancadas, misturadas com o som do bater dos paus. Os populares que assistam a esta renhida luta, batiam palmas. Era o delírio, há muito que não se via uma rixa destas.

O pobre rapaz deu tamanha lição de pancadaria no burguês que, fugindo a “sete pés”, abandonou rapidamente a Praça, ouvindo ainda o grito de todos os populares:

“Viva a justiça de Fafe!” “Com Fafe ninguém fanfe”.

Esta lenda foi reproduzida na “Monografia da Freguesia e Cidade de Fafe”, Junta de Freguesia de Fafe 2008.

Querem deslocalizar o pau de marmeleiro

É uma estátua de duas toneladas de bronze distribuídas por dois homens e um pau de marmeleiro, glorificando uma lenda que uma cidade fez sua. O seu tipo de justiça, com um varapau, está para Fafe como o chapéu está para Fernando Pessoa, é um pormenor, só isso, e até cai bem. A justiça de Fafe, lenda antiga, só corporizada em 1981 com a tal estátua que foi colocada nas traseiras do tribunal. Agora – é essa a notícia – o presidente da Câmara quer deslocalizar a estátua, não por razões económicas como acontece às fábricas, mas por incompatibilidade de vizinhança. A justiça pelas próprias mãos ficaria mal ao lado de um tribunal… Como se não vivêssemos num país com um cemitério chamado dos Prazeres e um aeroporto chamado Sá Carneiro. Nos 31 anos de vizinhança, nunca um pleito do tribunal de Fafe, mal influenciado pela estátua, saiu para as traseiras à bordoada, tal como os aviões não se puseram a despenhar no Porto ou os enterros a dançar em Campo de Ourique. Os nossos líderes, com mil desses falsos cuidados connosco, ofendem-nos a inteligência. E, no caso de Fafe, até tresleem. O Visconde de Moreira de Rei, usando o varapau, tal como contou o Barão de Espalha Brasas, cujo poema épico deu início à lenda, foi, afinal, um precursor da justiça moderna, proporcionada e pedagoga. Tendo sido provocado a duelo, não escolheu a espada ou a pistola, que são fatais, mas o pau, que não mata e, bem aplicado no lombo, educa.

Ferreira Fernandes – 6 de Setembro de 2012
in www.dn.pt

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Peça de Teatro “As Lendas de Fafe – uma História de Justiça”
Grupo TT – Teatro de Travassós

“A peça de Teatro “As Lendas de Fafe – uma História de Justiça”, é apresentada esta sexta feira em Guimarães a partir das 21:30, o ciber centro recebe uma história lendária. A peça tem uma hora e um quarto.