“O Jogo do Pau, ou esgrima lusitana, é uma arte marcial portuguesa, praticada com um único e maior, ela foi introduzida no Rio de Janeiro por imigrantes portugueses no século XIX, muitos desses imigrantes se disseminaram nas maltas de capoeiristas, inserindo essa luta dentro da capoeira. No inicio da era republicana no Brasil, as gangues de capoeiristas foram finalmente banidas do Rio, a Capoeira passaria por processos que a tornariam no é hoje, uma arte marcial como esporte, alem de uma expressão cultural, felizmente não haveria mais lutas sangrentas pelas ruas, mas nesse processo a o uso do jogo do pau no Brasil também praticamente se perdeu, pouquíssimos ainda o conhecem. Na adolescência, meu personagem trabalharia num armazém onde seu patrão, que na verdade é um mestre nesta arte, decide lhe ensiná-la após conhecer o seu caráter e gosto por lutas. Um dia esse garoto cresceria e usaria dois bastões, capazes de se distender e unirem-se numa forma maior, como uma arma que já vi usada pelo do Red Robin, acho.”

by Besouro-Negro

Alguns apontamentos da História do jogo do pau no Porto

Num livro da década de 40 “Arnaldo Leite, querendo criticar os conterrâneos do seu tempo por se considerarem desportistas quando só cuidavam de assistir aos jogos do seu clube e a discutir futebol, afirmava que(…) já no Porto de 1900 se verificava a prática da natação, da esgrima, da ginástica, do jogo do pau, do remo, do ciclismo, etc.” *1

Praticantes conhecidos temos João Quinteiro – Fundador do Centro do Jogo do Pau do Norte, considerado por alguns, o maior jogador do nosso País da sua altura.

“Na cidade do Porto, onde o «mestre» João Quinteiro fundou o «Centro do Jogo do Pau do Norte» e formou um grupo de jogadores com quem seguidamente percorreu as províncias do Minho e Douro, disputando assaltos de competição.” *2

“Nunca foi feita uma homenagem a qualquer um dos jogadores de pau do nosso concelho e nunca nos deram a conhecer. O João Quinteiro foi para mim o maior jogador do nosso País.” *3

O Carvalho, que pela sua bravura, inspirou honra no coração dos seus próprios adversários.

“Um grande jogador do Porto, o Carvalho, feirante de gado, que na «feira dos 26» em Angeja, perto de Aveiro, depois de se ter aguentado sozinho contra todos os que ali se encontravam coligados, tropeçou e caiu ao chão; então o mais forte dos seus adversários saltou para cima dele em sua defesa, intimando os demais a não tocarem no valente, sob pena de terem de se haver com ele” *2

Um praticante de renome foi “António Nicolau de Almeida nasceu no ano de 1873 tendo falecido em 1948. Foi o fundador e o primeiro presidente do Futebol Clube do Porto.
Junto com o seu pai, era sócio de uma empresa exportadora de Vinho do Porto e assumido «sports-man», praticante do portuguesíssimo jogo do pau (no velo Clube do Porto), do remo e da natação.”

Também no Orfeão Universitário do Porto se praticou o jogo do pau, tradição que se tentou recuperar nos anos 80, mas que infelizmente resta agora em uma simples memória, como um grupo desactivado. *4

Vila Nova de Gaia não ficou atrás e criou também fama no jogo do pau, em particular sabemos do Clube de Mafamude em que “Francisco Pereira é o Mestre Beirão, mestre na antiga fábrica de cerâmica do Carvalhido: é um homem possante, de uma boa constituição física, é um dos mentores e mestre do Jogo do Pau (Francisco Pereira foi já por si, aluno de outro mestre do Porto, o Mestre António Pereira Penela). É secundado por Armindo Cabreiro e o Neca Salsa ambos do lugar do Agueiro, em Vila Nova de Gaia. Também, António Carmo, policia sinaleiro na cidade do Porto, Mário Cruz de Cravel e Belmiro Ferreira, tipógrafo, morador da Rasa de Baixo.

Deste modo, e graças ao trabalho destes e de outros homens, em Setembro de 1931 é criado um novo clube em Vila Nova de Gaia. Tinha então nascido o Ginásio Clube de Mafamude, clube vocacionado para a prática e ensino do Jogo do Pau.

Com o tempo este grupo de jogadores do pau foi-se enraizando no local, as demonstrações desta arte de defesa pessoal foram-se sucedendo, os diversos locais por onde estes praticantes do Jogo do Pau vão passando e se exibindo, deixando os espectadores com vontade de praticarem esta arte, e encantados com a beleza e destreza deste jogo.

Foi tal a fama destes jogadores do Pau que por intermédio do diplomata português, Sr. Mário Duarte, que os jogadores do pau do Ginásio Clube de Mafamude tiveram a honra de serem chamados a deslocarem-se a cidade de La Guardia na festa de inauguração do campo de futebol, onde teve lugar um jogo de futebol entre as equipas do Celta de Vigo e o Real Espanhol de Barcelona, jogo precedido de uma exibição do Jogo do Pau.” *5

Este grupo continuou activo a fazer demonstrações pelo menos até 2006.

Não só na arte marcial do varapau o Porto fez história, também na literatura, grandes escritores portuenses utilizaram esta arte de combate que fazia parte da sua cultura, para enriquecer as suas obras, como por exemplo Arnaldo Gama, Alberto Pimentel e Júlio Dinis.

Nota: estes apontamentos, estando longe de estar completos, são simples recolhas de conteúdos disponíveis online, longe de uma pesquisa profunda que poderá ser feita.

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1- “As actividades desportivas no Porto de 1900” – José V. Ferreira, Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto, Porto, Portugal
2- O JOGO DO PAU EM PORTUGAL – Ernesto Veiga de Oliveira – “Festividades Ciclicas em Portugal” 1984
3- http://terrasbouro.blogspot.pt/2009/12/o-tradicional-vai-morrendo-aos-poucos.html
4- http://www.orfeao.up.pt/?menu=orfeao&orfeao=grp_desactivados&grupo=jogo_pauhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Orfe%C3%A3o_Universit%C3%A1rio_do_Porto
5- http://ginasioclubemafamude.webnode.pt/historia

Uma procissão atribulada

O andor tinha três laços, e representava a torre de Agarêz. Bofetada dos de Donelo aos brios do povo, por causa dum relógio que já fez a infelicidade de muita gente. Apesar de milhentos peditórios e rifas a seu favor, nunca chegou a ser comprado. Daí a polvorosa que se levantava sempre que alguém mexe na ferida. E o prepósito era precisamente esse: acirrar. Muito em segredo, a bisarma foi armada lá na terra, e S. Brás metido no sítio do mostrador. Francamente!

A procissão sai da igreja às dez e meia, e atravessa Agarez antes de meter pela serra acima a caminho da ermida. Mas em vez de se apresentarem a horas devidas, como os demais, não senhor: só quando ela passava em frente do cruzeiro, é que os de Donelo deram o sinal de vida.

Roberto, assim que ouviu estoirar os morteiros anunciadores daquela chegada provocadora, correu perto do palio a saber ordens do Manuel da Tia, principal mordoma, que pagava uma das varas.

– Aí vêm eles… – disse.

– Deixa-os vir… – respondeu o outro, a enxugar a testa. – Não se lhes liga importância… Que sigam atrás, se quiserem. E, conforme cantarem, dançamos nós…

– Calma! – Recomendou o senhor prior, que, entre dois acólitos – o padre Rego de Paços e o padre Capão de Covas – , levava o santo lenho encostado ao peito. 

Os de Donelo entraram pelo caminho velho. O andor, descomunal, bandeava que parecia um castanheiro em Novembro. Só por meio de cordas seguras por quatro homens evitava que tombasse.

O povo de fora, alheio ao acinte, olava a maravilha assombrado. Os de Agarêz mordiam-se de raiva.

A procissão ia andando. A música de Magueija, que revezava com a de Constantim, tocava o Queremos Deus. As zeladoras andavam numa fona para nos manterem na forma.

O encontro foi no Eiró. Como um odre – o vinho de Donelo é trepador – , o farsola do Rodrigo adiantou-se alguns passos dos companheiros e, sozinho no meio da estrada, ergueu as mãos e gritou:

– Pare a procissão!

O Animal do Jaloto, que levava o estandarte e abria o cortejo, titubeou, pousou o mastro, e ficou ali a mastigar em seco, lorpa de todo. As figuras foram estacando também, claro.

O Roberto que, entretanto, entrara na venda do Ti Faustino a molhar a garganta, quando voltou e deu com os olhos no patife a impedir o caminho, perdeu a cabeça. Dum salto, chegou-se ao do pendão e berrou-lhe:

– Ó meu filho da puta, quem te mandou parar?

– Eu! – fanfarronou o de Donelo.

– Anda para diante, cagão dos infernos! Tens medo dum chafedes daqueles?

– Pare a procissão! – teimou o outro. – Queremos entrar.

– Metam-se atrás, se quiserem.

– E por muito favor!

– Os cães é que andam à trela…

E armou-se a trovoada. Siga, não siga, torna que deixa, e ainda o Rodrigo ia a meter a mão no bolso a sacar da mauser, já tinha as tripas de fora.

Os de Donelo, mal viram cair o de lá, ficaram cegos: ergueram os varapaus e começaram a eito.

Gritaria, correrias, as varas do pálio transformadas em estadulhos, e o próprio padre Capão, de pistola em punho, a defender a pele e a meter os mais assanhados na ordem.

Não morreu ninguém, felizmente, mas chegou para afligir. S. Brás ficou sem um braço, e Santa Ana, que vinha no andor de Arca esquadrilhada de todo. O Chichanas, tal mocada levou na cabeça, que teve de ser trepanado. Nunca mais regulou bem.

A procissão continuou, embora desmantelada, e tudo correu normalmente, a seguir…”

— O Terceiro Dia da Criação do Mundo – Miguel Torga

Outra lenda da Justiça de Fafe

Um jovem rapaz filho de gente humilde, no dia das festas da Senhora de Antime, enquanto assistia à passagem da procissão, viu a sua “trigueira”, bela e amada namorada ser apalpada no “traseiro” por um abastado fidalgo que visitava Fafe, tradicionalmente, pelas festas da Vila. O jovem namorado, embora ficasse muito ofendido, não quis “fazer peito” e pacientemente deixou passar a procissão. No final deste acto religioso, o rapaz dirigiu-se ao fidalgo fazendo-lhe sentir o seu desagrado pelo gesto obsceno feito à sua namorada momentos atrás. O burguês, tirando a sua cartola da cabeça, fá-la passar junto da cara do rapagão que sentindo-se uma vez mais provocado, quis lavar a sua honra, desafiando o ricaço para um duelo. O desafio foi aceite. No momento de escolher as armas, foi pelo próprio povo que assistia à discussão, pedido aos homens desavindos que mantivessem a tradição do jogo do pau. O ofendido aceitou esta escolha popular das armas. Pelos presentes foram então entregues aos rivais dois valentes “lódãos”.

A escaramuça começou. Ouviam-se, de vez em quando, os gemidos de dor dos homens quando sofriam as fortes pancadas, misturadas com o som do bater dos paus. Os populares que assistam a esta renhida luta, batiam palmas. Era o delírio, há muito que não se via uma rixa destas.

O pobre rapaz deu tamanha lição de pancadaria no burguês que, fugindo a “sete pés”, abandonou rapidamente a Praça, ouvindo ainda o grito de todos os populares:

“Viva a justiça de Fafe!” “Com Fafe ninguém fanfe”.

Esta lenda foi reproduzida na “Monografia da Freguesia e Cidade de Fafe”, Junta de Freguesia de Fafe 2008.

Violência Rural

Apenas dois exemplos. A 8 de Julho de 1888, quando regressavam da Romaria da Rainha Santa, em Coimbra, alguns trabalhadores de Sargento-Mor, localidade perto de Coimbra, foram surpreendidos, no sítio das Areias, por alguns homens de Trouxemil que aí os esperavam. Hostilidades antigas, “visto a povoação de Sargento-Mor estar desavinda com Trouxemil”, estiveram na origem do confronto que se seguiu e que assumiu a forma de um combate de paus. No domingo seguinte, novo conflito entre aldeias. No centro das hostilidades encontravam-se, desta vez, as povoações da Pedrulha e da Adémia. A passagem pelo território desta aldeia de alguns rapazes tocando guitarra e cantando canções que “diziam que só a ferro e fogo d’alli sahirião” despoletou tensões latentes que se corporizaram numa violenta batalha de paus entre os rapazes dos respectivos lugares em litígio”.

Ao transferir a xenofobia aldeã para o campo do jogo, a sociedade rural inscrevia a violência nas suas próprias estruturas, ritualizando-a, controlando-a e submetendo-a ao cumprimento de regras “que a não obrigava a sair dos limites do jogo”. Embora tratando-se de um jogo aparentemente sem regras, o jogo do pau estava organizado quanto às suas técnicas e objectivos. De igual forma assim acontecia com os combates de paus que obedeciam a esquemas comuns e a rituais precisos.

Apoiadas, senão activadas, pelas gerações mais velhas, estas competições entre jovens de aldeias rivais parecem obedecer a uma finalidade política, desempenhando um papel central na dinâmica inter-comunitária. Ao transferir-se para o campo do duelo a xenofobia aldeã, reforçava-se a solidariedade vicinal e a coesão no interior de cada comunidade. À custa, pois, do antagonismo, construía-se a unidade; à custa da desordem, a ordem. Estas violências endógenas longe de porem em causa a sociedade rural, permitiam, pelo contrário, revitalizá-la e assegurar a sua perenidade.

Porém, a ritualização, senão mesmo a organização, destes conflitos não se ficava por aqui. Se, como pensa Elliot J. Gorn, “a forma como os homens lutam, quem participa, quais as regras que são seguidas […] revela muito acerca da cultura e da sociedade”, a análise das zonas corporais atingidas, quer neste tipo específico de luta quer, de uma forma geral, em todos os casos de agressão masculina, evidencia determinadas coordenadas comuns que reenviam a um código de honra masculino.

A cabeça, esse centro vital do eu como lhe chama Robert Muchembled, era o alvo predilecto das agressões, recaindo em cerca de 70% de todas as ofensas corporais. Obviamente, poder-se-ia dizer. A posição vertical adoptada neste tipo de luta expunha-a com facilidade à agressão. Todavia, a violência nunca é cega e não se pode considerar mero acaso que, ao nível da cabeça, as agressões incidissem maioritariamente nos hemisférios posteriores, frontal e parietal. Em contrapartida, a zona anterior, occipital, raramente era atingida. A honra exigia um combate frontal, de homens que se olhavam e mediam nos olhos o que naturalmente se reflectia no plano das agressões corporais. Era a honra que impedia que se atacasse alguém traiçoeiramente, pelas costas; era, ainda, a honra que proibia atacar alguém que não empunhasse um pau.

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Violência rural, em Portugal, na segunda metade do século XIX – Irene Vaquinhas.

O homem dos cavalos

Morreu em 1973, com 60 anos e ainda era na altura uma das pessoas mais conhecidas da Castanheira.

Joaquim Igreja era o “homem dos cavalos”, assim conhecido por ter, desde solteiro, animais para reprodução, nomeadamente bois, cavalos e burros. 

O ti Igreja era conhecido pelo seu à-vontade mas também por um carácter forte, decidido e capaz de impor a sua ideia nem que fosse pela força. Aos domingos à tarde, os “barulhos” eram frequentes na Castanheira e o ti Igreja não escapava a estes rebuliços junto das tabernas. Com varapau e em cima do cavalo era de temer. Nas feiras era a mesma coisa. Às vezes por bairrismo a defender os da Castanheira, outras vezes por defender os mais fracos, envolvia-se em discussões onde não era chamado e então “havia molho”. António Igreja recorda um dia em que o seu pai voltou de cavalo à Castanheira após uma feira de Pínzio, em busca de reforços e após o repique dos sinos terá voltado a Pínzio para “varrer a feira”, já devidamente acompanhado por muita gente que se tinha juntado e recolhido pedras para atirar aos “inimigos”. Nessas ocasiões a auto-estima da aldeia subia em flecha. 

Joaquim Igreja respondeu 17 vezes em tribunal por pancada mas foi sempre absolvido, o que mostra que não eram questões sérias e premeditadas, sendo muitas vezes a sua actuação em defesa dos mais fracos ou após uma série de copos bem bebidos. 

-“Castanheira Jovem” – Associação da Juventude Activa da Castanheira Boletim Nº 31 – Agosto 2010. Artigo de Joaquim Martins Igreja 


Joaquim Monteiro Igreja é o primeiro de pé à direita.

Carlos Relvas


Foi um dos pioneiros da fotografia em Portugal.

Era uma das figuras mais simpáticas de Portugal, no seu tempo, admirado pela sua elegância, perícia e arte, como cavaleiro e toureiro amador, pelo seu delicado talento artístico de fotógrafo, um distintíssimo sportman.

Como sportman tornou-se notável em todos os exercícios físicos, precisos para aliar a destreza à agilidade, a serenidade à, coragem. Hábil atirador de pistola e de carabina, dextro jogador de pau, de florete e de sabre, foi também notável na equitação.

Offerece A Sociedade do Jogo do Páo – A Carlos Relvas – Gollegã 3 de Maio 1883

Sarau do Ginásio Clube Português com Carlos Relvas:
Finalmente a ultima festa é um grande sarau no Colyseu dos Recreios, para o qual está
designado o dia 17 de dezembro. Compôrse-ha de gymnastica, esgrima e equitação; e, segundo nos informam, exhibe se pela primeira vez um assalto de esgrima de pau, em
que toma parte o sr. Carlos Relvas.

Avô ribatejano mestre de varapau

Ribatejano, o meu avô paterno gostava muito do rapaz que eu era e eu retribuía-lhe a amizade com cigarros Definitivos. Também levando-o aos espetáculos de luta livre no Parque Mayer. Ele gostava muito dos combates. Eu gostava mais da alegria e da raiva que os lutadores lhe davam. Ria-se e gritava. Levantava-se do lugar, empunhava a bengala, recordava as lutas da sua mocidade.

O meu avô foi mestre de varapau e por causa da sua jaqueta de alamares e calça afiambrada, teve que dar muita cacetada em fidalgotes arrogantes. Também gostava de tomar uns copos mas, diz o meu pai, por mais carregados que levasse os machinhos, nunca bateu em velhos, aleijadinhos ou dementes e nunca arrastou a asa a mulher casada.

Era um galhardo defensor dos fracos e numa daquelas noites de chuva e escuridão, depois de três litros de briol, até desafiou e fez uma espera ao Diabo que, temeroso, não apareceu na azinhaga do costume. Para a valentia do meu avô havia apenas duas qualidades de homens: os bons e os maus (os justos e os injustos, os leais e os traiçoeiros).
                                                                                                                                                         “MATA-CÃES” Fernando Correia da Silva

Jogo do pau retirado das escolas

Carta enviada à DRELVT – ECAE Sintra e Mafra / Amadora, Cascais e Oeiras.

Ex. Mos Senhores!

Expresso aqui a minha tristeza e lamento bastante ao saber que o Jogo do Pau e os Jogos Tradicionais ficaram de fora do projecto de adesão das actividades do Desporto Escolar para o próximo ano lectivo 2011-2012. Actividades que fazem parte da nossa cultura e de uma riqueza imensa, é de lamentar quem teve esta pobre ideia de as retirar do Desporto Escolar. Depois de 20 anos a lutar por divulgar e promover o Jogo do Pau Português – em todas as escolas onde leccionei a disciplina de Educação Física, sempre desenvolvendo núcleos de Jogo do Pau Português, onde os alunos tiveram a oportunidade de conhecer uma Arte Tradicional Portuguesa de uma riqueza enorme, invejada e cobiçada por muitos Países que dão o real valor a esta nossa Arte Marcial tão pouco conhecida no nosso País. É de lamentar o que está acontecer. Estamos a perder as tradições, estamos a perder actividades que fazem parte da cultura portuguesa, estamos a empobrecer o Desporto Escolar. Agradeço a todos os que acreditaram e que ajudaram a promover e a contribuir para o desenvolvimento dos Jogos Tradicionais e do Jogo do Pau Português.

João Gama – Professor Responsável pelo Núcleo do Jogo do Pau da Escola Dr. Rui Grácio- Montelavar.