O varapau em comprimento

The walking staff in length (read in English)

O varapau português

O varapau como arma, é visto em várias artes marciais por todo o mundo, no entanto, apesar de ser das mais simples armas, o seu comprimento pode facilmente afectar a forma como este pode ser utilizado em combate.

O varapau utilizado no jogo do pau português, é uma “ferramenta” comum no meio rural, para conduzir o gado, caminhar etc… O seu tamanho surge naturalmente, pois se fosse muito mais longo, já não daria tanto jeito para caminhar ou manobrar, e se fosse muito mais curto, funcionaria como uma bengala, que poderia ajudar na caminhada, mas não serviria de apoio, como um cajado serve a um pastor.

Noutros contextos, podemos ver varas mais longas, como por exemplo, os campinos do Ribatejo, no entanto, eles utilizam esta vara para conduzir o gado a cavalo, por isso, tem necessariamente que ser mais longa.

Campinos

O cajado, ou varapau do jogo do pau, anteriormente a qualquer padronização, teria um comprimento que certamente variava, mas andava sempre dentro de certos limites, geralmente bem mais longo do que uma bengala, e nunca muito mais alto do que um homem.

(Exemplos do varapau, fotos individuais e em feira)

Não era portanto uma arma. Este comprimento do varapau não foi então escolhido por ser excelente para o combate, surgiu como já disse, naturalmente, mas apesar da sua utilização prática em várias funções, tem também características que o tornam ideal para o combate no contexto em que o jogo do pau se desenvolveu.

Armas alternativas

O jogo do pau teve grande relevância numa altura em que não existiriam muitas outras alternativas em termos de meios de defesa. O policiamento era reduzido, sendo que o homem necessitava de se defender a si próprio, e isto acontecia em meios rurais, onde os campos eram mais abertos, pois numa cidade e em ruas apertadas, esta arma teria uma aplicação mais reduzida.

Outras alternativas de defesa não estavam disponíveis ao homem comum, como as armas de fogo. Sendo as pistolas, não muito vistas em Portugal numa altura em que o revolver na América teria mais predominância, aqui esse seria de mais difícil acesso. Só mais tarde e nunca em tão larga escala, veio a substituir o varapau como arma de defesa.

As armas de fogo de cano longo, sendo mais comuns e em muitos casos superiores ao varapau, eram no entanto, de transporte difícil, e não teriam grande utilidade para uma utilização diária.

As espadas, sendo uma tecnologia milenar, não estariam também ao alcance do trabalhador rural, restando-lhe apenas o simples varapau.

Em complemento ao varapau

Era então, o varapau, quase o único meio de defesa do homem. Uma outra arma comum, disfarçada de ferramenta do dia à dia, seria a navalha, esta também com outras utilidades além do combate, não sendo de um comprimento muito longo. Era porém algo a ter em consideração, e que, de certa forma, fazia com que o varapau fosse ainda mais essencial como arma principal, pois o varapau era a única forma de evitar, com o seu comprimento, uma luta de navalhas a curta distância que seria muito mais difícil de controlar e bem mais letal. Tendo em consideração que numa luta de navalhas, é mais provável os dois combatentes saírem gravemente feridos e é também mais difícil um deles fugir de uma luta a tão curta distância mesmo que surja a oportunidade ou vontade. E sendo um dos objectivos da defesa pessoal, especialmente em caso de inferioridade numérica, a possibilidade de fugir, o varapau, de certa forma, mantinha essa possibilidade muito mais em aberto do que numa luta de navalhas.

Sendo assim, temos como uma das principais funções do varapau o evitar o combate corpo a corpo que geralmente resultaria em luta com navalhas. Por esse motivo, no jogo do pau, vemos um combate geralmente realizado a longa distância mas que tem sempre presente a possibilidade de um dos combatentes entrar em corpo a corpo, e a capacidade de evitar essa situação é também parte do treino e era uma parte essencial deste quando o jogo do pau era utilizado como forma de defesa.

Os limites do comprimento

Isto afecta o comprimento da vara, pois, quanto maior for a vara, mais fácil é manter o adversário longe e evitar o corpo a corpo, sendo preferencial ter um varapau do que uma bengala, que apesar de também permitir o mesmo resultado, tem menos margem de erro.

A vara a ser utilizada em rotação continua com a rotação do próprio corpo.

Sendo um varapau curto mais fácil de manejar, pela sua leveza e assim, poder facilitar o bater no adversário, não era no entanto o escolhido pois o alcance extra da vara longa, de cerca da altura de um homem, dava realmente uma certa vantagem. Porém, a partir de um certo comprimento a vara torna-se tão longa que já não é possível a manusear em rotação com tanta facilidade. Este limite não é causado tanto pela força muscular da pessoa, embora isso também possa pesar, mas sim, pela correcta utilização do peso do corpo no auxilio da rotação, e com varas muito maiores, essa rotação torna-se mais lenta, pois ao utilizarmos uma vara mais longa, o nosso corpo mantém-se igual, e perde-se assim, a eficácia no ataque em rotação, sendo esta proporção mais uma limitação natural do comprimento do varapau.

– Frederico Martins

Jogo do pau in Gothenburg

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Picture taken on the first gathering for the practices of Jogo do Pau de Cepaes, October 23rd in Gothenburg.

Among us where representatives from several fighting arts and schools and it was the first among many coming gatherings to keep one of the few existing european martial arts traditions alive.

“…But lets work from the thesis that Mestre Avelino said that night on the parkinglot, or maybe how I understood him when I was drunk as fuckshit:

`The duell only happens when the group has failed its main job, namely to work as a group.`

From this we can read that the true martiality in JdP is that every single Jugador knows how to work in a group FIRST and that the duell, the Contra-jogo, is a last resort.

We can also read from this that every Jugador knows how to handle and recognize impossible odds, and the mercilessness in being completely left alone in the role as Batedor. Because the Picadores will not challenge you one by one and risk themselves, they will stress you as group and force you to move so that you get tired and must give up.

And from that we learn that no man will risk his own life if it is possible to drain his enemy of stamina and then capture or kill him with less effort.

It is a lesson that needs to be learned, that you are doomed without your group.

Therefore this is true when we train:

We are friends. But we are not friends.”

-Jogo do Pau de Cepaes, Nicolas Gallardo
Göteborgs Frifäktargille
Halmstad HFS
Malmö HFS

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Uma Tragédia na Caça

(conto completo em https://archive.org/stream/caadasportugue00aauoft#page/170 )

— Espere, que eu já lh’a dou — e dizendo isto o guarda correu à casa. O doutor seguiu-o, mas poucos passos tinha dado, no pequeno terreiro que a defrontava, que já o homem estava de volta, com uma foice roçadora, e arremetia contra ele, atirando-lhe estas palavras:

— Tome lá a perdiz — acompanhadas dum golpe temeroso à cabeça — uma pancada redonda — como lhe chamam no jogo do pau, e que dada com uma foice é sempre mortal.

João de Bettencourt conhecia todos os segredos daquele jogo. Nas suas visitas a Salvaterra frequentara os melhores jogadores do Ribatejo, aperfeiçoara-se em Lisboa, na escola do celebre José Maria, o Saloio, e nos lugares por onde passara tinha deixado recordações da força do seu braço, da sua destreza e agilidade. Deu um salto à retaguarda, e a foice passou-lhe, como um relâmpago, diante dos olhos.
Cresceu o outro sobre ele, e atirou-lhe o segundo golpe também atravessado, que não o alcançou, e ao terceiro, de ponta, o doutor, furtando o corpo, desfechou. . .

O estrondo do tiro confundiu-se com um grito: o malvado caiu. Estava morto!

“Uma Tragédia na Caça” – Zacharias d’Aça, 1898.

Tuna Cepanense

Demonstração de jogo do pau da Tuna Cepanense

Escola de jogo do pau do Mestre José Quéo –  Fafe, Portugal.